Amar é Sofrer (1954)

Quando se vê os nomes Bing Crosby (Natal Branco) e Grace Kelly (Ladrão de Casaca) juntos, normalmente se imagina uma comédia romântica, bem animada e para cima, como aconteceria posteriormente em “Alta Sociedade”, porém, “Amar é sofrer”, como o título já indica, é o oposto. Um drama denso, pesado, com personagens sofridos, amargurados, cheios de problemas, defeitos e tragedias pessoais. Apesar disso, nos apresenta a várias formas de amor. Indicado à 5 prêmios Oscar, e vencedor do de Roteiro Original.

A trama, dirigida e roteirizada por George Seaton (Milagre na Rua 34). Trás a história do dramaturgo Bernie Dodd (Willem Holden), que quer contratar o ator Frank Elgin (Bing Crosby) com protagonista de sua peça por ser seu fã de longa data. Acontece que Frank,- que já teve seus tempos de gloria no teatro, hoje é um atormentado bêbado que vive controlado por sua mulher Georgie (Grace Kelly), após o casal ter passado pela trágica perda de um filho.

 

A escolha do elenco é extremante interessante, uma vez que os três nomes extremamente conhecidos, saem de seus lugares comuns. Grace Kelly que ficou marcada como elegante e graciosa, aqui mostra uma mulher dura, sofrida, castigada pela vida. O bom moço em tela e na vida pessoal, Bing Crosby, aqui é ator problemático e alcoólatra, algo que Holden (Crepúsculo dos Deus) era famoso por ser em sua vida pessoal.

O longa é feito todo teatralizado, em poucos cenários, com poucos atores em cena e diálogos inspirados protagonizados por duplas. Contamos com um drama instigante, uma reviravolta enorme que muda os caminhos do filme, mas além de tudo com temas relevantes sobre o lugar em que facilmente colocam a mulher, misoginia, alcoolismo, decadência e resignação.  Uma mulher que parece dura e fria sempre foi assim, ou o casamento a transformou?

Um casal infeliz nos conta suas trajetórias, cada com sua versão que é apresentada ao espectador em flashbacks. Aquelas pessoas infelizes um dia foram realizadas, apaixonadas e plenas, mas muito mudou. E pode mudar novamente com a aparição de um novo elemento.