A Mulher Rei
Em “A Mulher Rei” a diretora Gina Prince-Bythewood (The Old Guard) parece ter mirado em uma representação feminina de “Pantera Negra” e acabou por acertar em “Mulher-Maravilha”. A cada dia que passa, se tem mais noção do quanto é importante e necessário que todos se sintam representados no cinema. Além dos filmes de Super-heróis e de princesas finalmente estarem entrando neste formato mais inclusivo, existem diretores que já iniciaram com esse viés, como Jordan Peele, que nos três filmes que dirigiu, colocou elenco majoritariamente negro.
A trama se passa durante os dolorosos tempos de colonização e escravidão na África, onde um rei e suas guerreiras agoji (espécie de gladiadoras), são lideradas por Nanisca, brilhantemente interpretada pela gigante em tela, Viola Davis (Um Limite Entre Nós). Nanisca, é uma lenda para o seu povo, sendo considerada praticamente uma super-heroína. A jovem Nawi (Thuso Mbedu) se junta as agoji, guerreiras virgens, quando seu pai não consegue vende-la para um marido rico por conta de sua rebeldia. O enredo gira em torno do crescimento da jovem guerreira e as façanhas de suas mentoras.
O filme não bate massivamente na tecla do racismo, mas faz necessário retrato dos horrores da escravidão africana, brutalidade entre os povos, como seres humanos eram trocados como escambo e o estupro de mulheres negras, como se não fosse crime hediondo.
Contamos ainda com um romance e algumas cenas cômicas, mas o ponto alto do filme são as majestosas cenas de luta e danças. A belíssima cultura africana é muito bem representada neste longa metragem que obrigatoriamente precisa ser visto em tela grande para total aproveitamento. Vale enaltecer a importância da personagem Izogie na trama e a atriz que lhe da vida, Lashana Lynch (007 – Sem Tempo Para Morrer)
As cenas de ação e violência viscerais são entremeadas com diálogos dramáticos, o que torna o filme um pouco longo e arrastado em alguns momentos. O laço entre essas mulheres, a aceitação de um povo em ter uma mulher como um de seus líderes, o retrato de uma belíssima África e brilhantes atuações tornam esta produção indicado para todos os públicos.
Viola Davis é uma atriz que ficou mundialmente conhecida por trazer a vida personagens dramáticos que lhe renderam indicação ao Oscar em filmes como “Histórias Cruzadas” (2011) e o longa que lhe rendeu o prêmio, “Um Limite Entre Nós” (2016), além da famosa série de Shonda Rhimes, “How to get away with murder”. Ela é também produtora, autora de livros, e esteve no Brasil em coletiva de imprensa para divulgar “A Mulher Rei”.