A Forma da Água

Sempre fui um grande fã de Guillermo del Toro, diretor de filmes como “Hellboy” (onde este filme tem uma certa inspiração), “Círculo de Fogo” (um dos meus filmes favoritos dos últimos anos), Labirinto do Fauno (o seu melhor trabalho,na minha opinião). Sempre amei seu estilo e sua forma de contar histórias com delicadeza e com seres aterrorizantes. Talvez ele tenha chegado à sua grande obra-prima com este “A Forma da Água”, onde venceu como melhor diretor no Globo de Ouro 2018 e indicado ao Oscar de 2018 como melhor diretor e melhor filme (e outras categorias) com grandes chances de vencer. Temos aqui um ótimo filme, mas que pode causar uma grande estranheza.

Sinopse: “Elisa é uma zeladora muda que trabalha em um laboratório onde um homem anfíbio está sendo mantido em cativeiro. Quando Elisa se apaixona com a criatura, ela elabora um plano para ajudá-lo a escapar com a ajuda de seu vizinho.”

A trilha musical e o texto inicial já nos anuncia que estamos de frente para um conto de fadas. Desse ponto eu já entendi do que o filme se tratava e só por isso eu já passei a amá-lo desde o início. Isso e toda a ode a musicais (dos quais sou fã) que nos entrega um excelente longa de fantasia. O mais interessante é que tem partes musicais com uma protagonista muda, o que é bem relevante na trama, pois o homem anfíbio também não fala e só sabe se comunicar por gestos e consegue reagir as músicas colocadas no rádio.

A direção é excepcional. Temos aqui Guillermo del Toro provavelmente no seu auge de carreira. Dá para notar a influência de todos os seus trabalhos anteriores na tela. Todo aquele clima de terror e clima meio gótico estão aqui, e tudo isso magistralmente mesclado com pitadas de musical e com aquele clima simplista e perfeito dos anos 50. Sem esquecer das bizarrices que certamente irão causa estranheza nas pessoas, afinal é uma história de amor entre uma mulher e um ser anfíbio.

Tenho que destacar um parágrafo só para as atuações. Começando pela nossa protagonista Sally Hawkins (Blue Jasmine) que mesmo interpretando uma personagem muda consegue passar de uma forma bem simples tudo o que ela está sofrendo e passando apenas com expressões e pequenos gestos. Seus excelentes coadjuvantes também estão muito bem como Richard Jenkins (Deixe-me Entrar) que faz um vizinho que é um artista menosprezado e Octavia Spencer (Estrelas Além do Tempo) que aqui só por aparecer em cena você já ri esperando ela falar algo sensacional. E temos também Michael Shannon ( O Abrigo) que é o vilão que amamos sentir ódio, e apesar dele estar ótimo, notamos que ele é sempre o Michael Shannon, gostaria de ver ele fazendo outros tipos de papéis.

Já vieram me perguntar se merece o Oscar. Vou mandar a Glória Pires e dizer que não sou capaz de opinar no momento. Certamente merece prêmios pela produção inteira que é belíssima, pelos atores que estão maravilhosos e pela direção magnífica, mas realmente ainda não sei opinar. A única coisa que posso afirmar é que independente de concorrer a prêmios, o filme é incrível e merece ser visto se você é no mínimo um fã de cinema.


Curiosidade por Luciana Costa: O ator que interpreta nosso homem-peixe é um profissional da camuflagem. Só com Del Toro, Doug Jones  já foi Abe (o homem-peixe em Hellboy), e o Fauno em O Labirinto do Fauno. Com outros diretores, ele esteve em Quarentena, Surfista Prateado e até mesmo o zumbi Billy em Abracadabra.


Texto: Bruno de Oliveira

Revisão: Luciana Costa