Maboroshi
Animes em formato de longa-metragem contando uma história única, geralmente, nos trazem histórias emocionantes e que se tornam, praticamente, intransponíveis para uma versão live-action. Possuem também um cunho filosófico grande e sempre nos fazem pensar em coisas pequenas das quais nunca pensamos antes. Uma história original sempre é a sua intenção. ‘Maboroshi’ entra completamente nessa descrição, o problema é que não chega nem perto do nível de clássicos que possuem essas características.
Sinopse: “Masamune, um jovem de 14 anos, vive em uma cidade onde o tempo parou após uma explosão em uma siderúrgica bloquear todas as rotas de fuga. Esperando que tudo volte ao normal, a cidade impõe uma regra: nada pode mudar. Neste cenário, Masamune vive dias de tormento e depressão. Até que um dia, sua enigmática colega de classe, Mutsumi, o leva ao alto-forno da siderúrgica. Lá, ele encontra Itsumi, uma garota muda que se comporta como um lobo selvagem. O encontro de Masamune com essas duas jovens começa a corroer o equilíbrio do mundo. Qual será o destino reservado para esses corações em busca do amor?”
O maior elogio que posso fazer a essa produção é a animação feita pelo estúdio MAPPA, a mesma de animes seriados como Attack On Titan (2013 – 2023), Jujutsu Kaisen (2020 – ) e Chainsaw Man (2022). A arte é linda, incrível e completamente orgânica. A qualidade das cores e movimentos são simplesmente incríveis. Sou suspeito até para dizer isso tudo, pois esse estúdio é o meu favorito do momento. Nesse quesito, o longa é nota 10, e é uma pena que apenas isso tenha me feito ficar empolgado.
O filme começa com uma premissa bem interessante: uma explosão gigantesca em uma siderúrgica ocorre e as pessoas continuam suas vidas normalmente após isso. Como assim? Qual é o mistério por trás disso? Ele existe, mas não é palatável ao público. A história é confusa e parece não conseguir se explicar de modo eficiente. Por momentos, achei que era falha em tradução, mas duvido que iriam colocar profissionais de tradução tão ruins assim. Logo, a culpa se esvai completamente para o roteiro mesmo.
Ele tenta ser muito folclórico, filosófico e, em seus momentos finais, emocionante. Dessa vez, não consegui ser fisgado. O lúdico entra com força e cada momento em que a narrativa ia se desenrolando, mais confuso eu ficava. Te juro que ao escrever isso aqui começo a me perguntar se consegui entender tudo. Exageros à parte, essa é a minha sensação por ter visto esse anime. A falta de um argumento mais plausível para que fizesse mais sentido prejudicou o todo.
A paixão avassaladora é capaz de mudar o mundo. Seja para o bem e seja para o mal. Aqui, pode ser o início do fim para todos. As produções japonesas tendem a ser muito viscerais nesse quesito. Sempre é um amor como nunca vimos antes, daqueles que deixam a pessoa febril. Ver isso tudo com crianças de 14 anos deixam as coisas um pouco mais estranhas. A paixão na adolescência realmente pode ter esse efeito. O descobrimento de que podemos sentir algo tão forte pode até mesmo assustar. É até bonito, mas muito exagerado.
Pode ser que alguém venha a gostar de ‘Maboroshi‘, que não foi o meu caso. Um anime sempre possui esse poder de tocar pessoas que não estão esperando nada por isso. Desta forma, não se deixe levar apenas por minhas palavras. Tirem suas próprias conclusões e tenham uma experiência minimamente tocante. “Maboroshi” significa “ilusão” em japonês. Saber disso me fez entender melhor algumas nuances.