Auto Focus
Em 2005, chegou aos cinemas o filme “A Feiticeira” de Nora Ephron (Harry e Sally: Feitos um para o Outro). Protagonizado por Nicole Kidman (Moulin Rouge), Will Ferrell (O Durão) e Shirley MacLaine (Laços de Ternura). O longa se propunha a criar uma história fantasiosa sobre a vida da atriz que a interpretou e os bastidores da famosa série de Tv de 1964. Se na vida real ela se chamava Elizabeth Montgomery, nesta versão, ela era Isabel Bigelow. Em “Auto Focos” (2002), a proposta era contar a história do ator Bob Crane, estrela da série “Guerra Sombra e Água Fresca” (1965). Apesar de se tratar de uma história completamente verídica, parece até fantasiosa, uma vez que os acontecimentos são muito diferentes do que se podia imaginar, e tudo, acabou em morte.
Na trama, Greg Kinnear (Melhor é Impossível), interpreta Crane, um ator e radialista que é convidado para estrelar a irreverente série “Guerra Sombra e Água Fresca”. Apesar das controvérsias que a envolviam, uma vez que fazia sátiras com o nazismo, a série foi um sucesso. A repentina popularidade de Crane, e a inusitada amizade com o libertino Carpenter, Willem Dafoe (O Farol), levam Crane a um mundo completamente diferente. Ele que foi um conservador homem de família e frequentador de igreja, se envolve em polêmicas atividades sexuais e muito mais de forma desmedida.
Além de mostrar o desenrolar de uma história real que acabou em um dos crimes mais bizarros da história americana, o polêmico diretor Paul Schrader (Gigolô Americano) nos leva em uma viagem que demostra que as aparências enganam. Em um momento em que a sociedade americana era extremamente conservadora, Crane aparentava ser o típico bom moço americano, ao ponto de ser convidado para protagonizar um filme da Disney, mas ninguém imaginava que ele se envolvia em orgias e até mesmo filmava atividades sexuais sem o consentimento dos envolvidos. Contém cenas que demonstram a hipocrisia do protagonista e que é também de muitas pessoas. O que se faz e se gosta é considerado fetiche mas o que o outro gosta e a pessoa não, é catalogado como depravação.
Baseado no livro “The Murder of Bob Crane” de Robert Graysmith, o longa é um presente à Greg Kinnear que teve chance de brilhar ao lado do cultuado Dafoe. Pena que o filme não ganhou a fama que merecia. Um ótimo e chocante entretenimento que vai agradar principalmente ao fã de “Guerra Sombra e Água Fresca”, além de ser um retrato fidedigno dos Estados Unidos nas décadas de 60 e 70.