Flee – Nenhum Lugar Para Chamar de Lar
‘Flee – Nenhum Lugar Para Chamar de Lar’ é tão incrível e maravilhoso que não sei nem por onde começar a falar. Posso iniciar comentando sobre sua importância nos festivais e premiações. Entre os principais, vale destacar a vitória em Sundance pelo Grande Prêmio do Júri, além de 4 prêmios no Annie Awards (o Oscar da Animação) e uma participação marcante em Cannes. Vale mencionar também que foi o primeiro filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Animação, Melhor Documentário e Melhor Filme Internacional. História ele já fez, mas quero que todo mundo o veja.
Sinopse: “Amin era menor quando chegou à Dinamarca sozinho, vindo do Afeganistão. Hoje, com 36 anos, é um acadêmico de sucesso e está noivo do seu namorado de longa data. Mas esconde um segredo há mais de 20 anos, que começa a ameaçar arruinar a vida que construiu para si. Amin, pela primeira vez, partilha a sua história com um amigo chegado. Um documentário feito na primeira pessoa, em jeito de entrevista, FLEE – NENHUM LUGAR PARA CHAMAR DE LAR empurra os limites do gênero retratando a experiência de um refugiado através de uma animação, para apresentar um livro de memórias comoventes.”
Em seu início somos informados que a história contada aqui é real, mas que os nomes são mudados para que não afete as pessoas envolvidas nela. De cara, conhecemos Amin, que resolve contar sua verdadeira história depois de anos morando em Compenhague, na Dinamarca. O longa se apresenta inicialmente como uma animação, mas, além disso, ele também é um documentário. Essa ideia pode parecer normal, mas achei brilhante, pois ela mostra o som real da entrevista só que mascarada pela animação.
Enquanto ouvimos o início da história contada por Amin, a animação nos leva para o passado e nos conta tudo o que passou em sua vida. Tudo isso sendo mesclado aos poucos com imagens reais do momento em que ele estava presente. Se prepare para uma montanha-russa de emoções, pois passamos por momentos incríveis de felicidade até aqueles momentos que vão nos fazer chorar sem esforço. O engraçado é que nós pensamos que a história dele vai por um caminho, mas acaba indo para outro que não esperamos. Em alguns momentos isso nos alivia, mas em outros ele nos dá um soco no estômago.
Ele me pegou demais por ser um filme que fala sobre a família. A importância dos laços sanguíneos e o que cada um está disposto a fazer pelo seu familiar. Por diversas vezes esse laço entre todos eles nos agonia por temer por cada membro da família a qualquer momento. Certas resoluções ocorrem e até mesmo o documentarista fica surpreso da forma como cada história acaba. O nosso protagonista, por ser afegão e gay, nos leva até o final com esse dilema até que temos um momento lindo que me fez sorrir e me emocionar ao mesmo tempo. Definitivamente, ele não é para pessoas com o emocional muito abalado.
A animação é outro tópico que merece um destaque. Ela conversa muito com o público e com as emoções. Ela começa com traços simples e coloridos quando estamos em momentos de conversas e quando estamos dentro de lembranças boas. No momento em que adentramos um terreno mais sombrio e caótico o estilo da animação muda para algo muito mais rabuscado e sem cores. Esse contraste nos atinge da forma certa a ponto de entendermos o que está havendo somente pelo estilo escolhido da animação.
Eu achei um filmaço e dou minha RECOMENDAÇÃO MÁXIMA. É um filme que, definitivamente, mexeu comigo e que dialoga muito com o momento atual quando temos milhares de refugiados na Europa devido a uma guerra. Capaz de nunca sabermos o real sentimento disso tudo (ainda bem), mas nos cabe ter empatia com o próximo. Todos os relatos aqui são reais e só de imaginar, meu coração aperta a ponto de ficar pensativo e querendo fazer algo a mais.