O Ódio Que Você Semeia
É um pouco difícil fazer uma crítica de um filme sobre preconceito sem ter vivido o próprio na pele. O mínimo que podemos sentir é empatia. É simplesmente entender o motivo pelos quais pessoas sofram desse mal. E acho muito importante que muitas vezes coloquem o dedo na ferida. Acho importante se sentir culpado ou até mesmo envergonhado com situações que estão na nossa cara, mas como não nos afeta diretamente não nos importamos. O “O Ódio Que Você Semeia” mostra um pouco tudo isso, e que apesar de não sermos pessoas ruins, ainda podemos ter preconceitos enraizados.
Sinopse: “Starr Carter (Amandla Stenberg) é uma adolescente negra de dezesseis anos que presencia o assassinato de Khalil, seu melhor amigo, por um policial branco. Ela é forçada a testemunhar no tribunal por ser a única pessoa presente na cena do crime. Mesmo sofrendo uma série de chantagens, ela está disposta a dizer a verdade pela honra de seu amigo, custe o que custar.”
Baseado no livro de mesmo nome escrito por Angie Thomas, temos aqui um bom filme que mostra uma grande realidade americana, mas que podemos transpor facilmente para nosso país. Apesar de ser um longa notoriamente feito com custos bem baratos, ele consegue passar a sua mensagem de uma forma bem didática. O fato de um policial agir como agiu por ter receio é muito errado. Um ponto muito importante é quando a abordagem policial é discutida entre a personagem principal vivida por Amandla Stenberg (Mentes Sombrias) e seu tio policial vivido por Common (O Procurado) em que é dito o medo de todo policial e como a abordagem pode ser diferente por causa da cor. É um diálogo excelente e elucidador de tudo o que é mostrado aqui.
Com a direção de George Tillman Jr. (Rápida Vingança) não temos uma direção muito arrojada. Temos algo bem básico, sem novidades, o que no final pode ter acabado por pecar um pouco. Se tivesse usado essa direção de uma forma diferente teríamos um longa realmente marcante, principalmente na hora da manifestação que pra mim era um momento crucial. E acho a Amandla Stenberg, no papel principal, simplesmente linda e maravilhosa. Ela consegue passar uma angústia de uma forma bem natural para quem vive em dois mundos e sendo a única testemunha da morte de um amigo. E todo o elenco de suporte também é bom, principalmente os da família dela.
Um bom filme para pensar. Gosto desse tipo de narrativa que nos faz sair do cinema pensando e que de alguma forma possamos levar para as nossas vidas. E passar adiante para que outras pessoas possam ver e notar como a vida é realmente. Poderia ser muito maior, mas talvez o orçamento baixo não tenha deixado ele ser muito mais marcante. Poderia ter um apelo maior para que mais pessoas vissem essa obra.