Trama Fantasma
Diferente da maioria das pessoas que vão aos cinemas ver “Trama Fantasma” por ser um dos indicados ao Oscar 2018, eu amei a sinopse e o trailer. Sou uma dessas mulheres aficionadas pela moda dos anos 50 e 60, por isso, eu esperava profundamente que o filme fosse majestoso, com roupas fabulosas e que a história não fosse maçante, já que o longa possui mais de duas horas de duração. Ainda bem que não me decepcionei.
Acredito que quase todos os anos, os indicados a melhor filme têm sempre uma leve ou grande bomba, um dos títulos que entra, não sei porque, parece que esta ali para encher linguiça. Muita gente acreditaria que seria o caso deste longa-metragem, porém, eu acredito que, este ano, a mini bomba foi Lady Bird: A Hora de Voar.
A trama (literalmente) gira em torno do estilista de alta costura, Reynolds Woodcock, interpretado, e põe muito bem interpretado nisto, por Daniel Day-Lewis. Um solteiro convicto, metrossexual, que cria roupas para a elite europeia com a ajuda de sua irmã mais velha, Cyril (Lesley Manville), com quem tem um relacionamento extremamente estranho e doentio, ao qual podemos culpar, em grande parte, por seus envolvimentos amorosos nunca darem certo. Assim, Reynolds troca de mulher como quem troca de roupa.
O personagem de Day-Lewis é um homem cheio de vontades e faniquitos, vamos colocar assim. Dizem que os artistas são excêntricos e aqui é o caso. Para ele, nada é mais importante que suas criações e até mesmo o barulho de alguém mordendo um bagel no café da manhã pode ser considerado motivo para a Terceira Guerra Mundial.
Nosso metódico protagonista, um dia, conhece a garçonete Alma (Vicky Krieps). Ela então passa a ser a inspiração e a modelo de prova de seus vestidos, indo morar em sua mansão onde os dois vivem um relacionamento que, em alguns momentos, parece platônico, em outros, afetivo, e, às vezes, profissional. Assim, fica realmente difícil saber onde começa um e termina o outro. Se Reynolds movia as mulheres como bem queria e era fácil livrar-se delas, Alma é bem diferente. A moça tem seus próprios planos e não vai deixar que a irmã intrometida ou os caprichos do estilista a impeçam de executá-los. Temos aqui, com certeza, personagens loucos que se completam.
Não posso falar muito do enredo, então vamos aos elogios. O filme é simplesmente maravilhoso, um dos melhores indicados do ano. Não é cansativo, a atuação de todos é bem executada, a trilha sonora é lindíssima e pertinente, com predominância de solos de piano. Os vestidos, por sua vez, são um show à parte e a fotografia é espetacular. Já na primeira cena, vemos um belíssimo trabalho de câmera.
Infelizmente, acredito que ele vá passar batido nas categorias principais do Oscar. Contudo, não o deixe passar batido por sua vida. Vale a ida ao cinema, com certeza!