A Guerra dos Sexos (2017)
Para ver “A Guerra dos Sexos” é preciso ler a sinopse com atenção. Nada de ouvir o nome e achar que é mais uma das novelas da Globo. É uma história biográfica, sobre atletas, mídia, determinação e a luta contra o machismo. Ao contrário do que muitos vêm dizendo por aí, não acho que o filme levante muito a bandeira gay, há sim um romance entre duas mulheres, porém, ele acaba sendo mais em segundo plano, deixando para surpresa do telespectador o que irá acontecer com este romance, já que ele só nos é dito no fim do filme em letras na tela.
Eu não sou a pessoa mais aficionada por esportes, e não era nascida na época em que se desenrolam os acontecimentos, mas, acreditem, esses fatos não atrapalham em nada a experiência cinematográfica. Fui ao cinema porque sou grande fã do ator Steve Carell (The Office), que provou em Foxcatcher que sabe atuar de verdade e não só fazer graça. Adoro ver atores conhecidos por um determinado gênero saírem de suas zonas de conforto para desbravar outros territórios. Neste longa, há uma mistura dos dois, já que o personagem Bobby Riggs é um verdadeiro fanfarrão. Sabe o “tio pavê”? É ele.
Ao contrário do que se pode imaginar, já que a disputa tanto midiática quanto na quadra é entre os protagonistas Bobby (Carell) e Billie Jean King (Emma Stone), ele não é o maior machista de todos os tempos, ele apenas representa uma grande parcela do imaginário da população masculina da época, o que infelizmente, até hoje, não se extinguiu por completo. Ele é o “vilão” que nós amamos. O ser mais caricato da história, a impressão que ele passa é que nem é machista, alias, em alguns momentos da trama, achei que a nossa protagonista concordava comigo. Ele é um ex-tenista, endividado, com problemas conjugais e decide aproveitar que as tenistas estão “levantando a bandeira feminista” exigindo pagamentos iguais, para levantar a “bandeira do porco chauvinista” – como o próprio personagem se apelida. Vemos ai um jogo de oportunidade e marketing.
Se você viveu a década de 70, você provavelmente sabe qual será o resultado final dessa guerra dos sexos, mas se não, ai acredito que seja ainda mais emocionante mergulhar na quadra e torcer pela mulher que queremos que seja nossa campeã.
Esses filmes são muito importantes, temos sempre que lembrar, que se essas mulheres guerreiras não tivessem protestado, se imposto e exigido direitos iguais, nós mulheres modernas não teríamos nem mesmo o espaço que temos hoje, ainda há uma longa jornada, mas não da pra dizer que a partida não começou.
Dê o seu saque, compre sua pipoca, vá ao Festival do Rio, e não deixe de assistir “A Guerra dos Sexos”, um drama divertido e culturalmente necessário.