Vice

Após o ataque às Torres Gêmeas em 2001, os Estados Unidos se meteu em uma guerra contra o Afeganistão e logo depois declarou guerra ao Iraque, alegando que tal país tinha produção de bombas nucleares. A guerra passou, milhares de pessoas perderam a vida e até hoje ninguém provou que tal fato era verdade. Achava estranho, e para mim, que sou leigo no assunto, era claro e óbvio que tal invasão política foi armada. Enquanto todos achavam que o presidente da época, George W. Bush, era quem mandava, o seu Vice, Dick Chenney, era o real mandante de toda a política. Ver esse filme abriu meus olhos já que não sou conhecedor profundo da política americana.

Sinopse: “Acompanhe a ascensão de Dick Cheney ao se tornar o homem mais poderoso do mundo. Vice-presidente de George W. Bush, ele remodelou os Estados Unidos e o mundo, gerando mudanças que permanecem até os dias de hoje.”

Dick Chenney foi o primeiro Vice-Presidente que conseguiu ter poderes reais dentro do governo. Um cargo que sempre foi comparado a algo simbólico. Parte da barganha dele aceitar o cargo era simplesmente para poder tomar para si várias decisões sem ter que consultar o próprio presidente. E vemos que quem mandou de verdade foi ele, e que George W. Bush não passou de um mero fantoche. Dito isso, pude acompanhar a história de uma das piores pessoas que já estiveram no poder norte-americano. Uma pessoa vil que fez coisas horríveis, e diz que fez tudo o que fez para o bem de seu povo. Isso fica bem explícito ao final quando ele quebra a quarta parede e fala com o público.

Christian Bale (Batman Begins) faz o personagem principal. E com esse papel já ganhou um Globo de Ouro como melhor ator e uma indicação para o Oscar desse ano (e acredito que vá ganhar). Quando o vi ganhar o prêmio e vê-lo agradecer a Satã por dar inspiração para fazer o papel de um personagem real me pareceu um pouco exagerado, mas ao vê-lo em tela, passei a entender o que ele quis dizer. Realmente ele incorpora uma pessoa ruim, mas que mesmo assim mostra uma humanidade, vide o modo como ele lida com a filha.

Não é somente ele que manda bem, todos os outros atores estão ótimos. Fica aqui o destaque para Amy Adams (A Chegada), que faz o papel da esposa de Dick Chenney; Steven Carrel (Pequena Miss Sunshine); e Sam Rockwell (Lunar), que faz o presidente norte-americano George W. Bush, e que com esse papel também está concorrendo ao Oscar de ator coadjuvante. Caso ganhe, será o 2º ano seguido que será o vencedor da categoria (papel feito em Três Anúncios para um Crime). Todos ótimos e excelentes.

Quero apontar mais um fato, o de que esse filme é realmente bom. A edição dele é maravilhosa. Talvez se não tivesse todo o dinamismo e brincadeirinhas incríveis não fosse tão bom assim. Toda a direção de Adam Mackay (A Grande Aposta) é ótima também. Quero destacar uma cena que achei incrível e me fez dar gargalhada no cinema (embora eu tenha sido o único a ter feito isso). Quando Chenney se vê em uma posição de que não vai mais se enveredar para o lado da política e vemos que ele resolve se aposentar. Começa a mostrar um misto de imagens felizes com sua família e uma narração em “off “,e logo depois subindo os créditos é simplesmente maravilhoso. Se estiver fora do filme certamente vai achar que ele está acabando ali.

O resultado da mistura de todos esses fatores como direção, edição e atuação faz com que esse já seja um dos melhores filmes nesse início de ano. Recomendo para todos. Principalmente para conhecermos mais da história e todos os bastidores dessa época em que pensamos que entraríamos na 3º Guerra Mundial. Temos uma cena após os créditos principais que mostra muito a realidade dos dias de hoje e como as pessoas se comportam e se polarizam com suas próprias opiniões políticas.