Em 1992 Irvin D. Yalom escreveu o romance “Quando Nietzschie Chorou” contando a história de encontros ficcionais entre o filósofo Friedrich Nietzschie e o médico que influenciou Freud a criar os estudos da psicanálise Josef Breuer. O filme “Uma Noite em Miami” conta a história de um encontro que realmente aconteceu entre pessoas importantes, porém criando os diálogos que supostamente teriam acontecido ali já que o encontro não foi documentado. Esses diálogos foram criados se baseando nas conhecidas personalidades de cada um dos envolvidos e nos fatos que se deram na vida de cada um em separado depois do encontro. Com certeza um influenciou a história de vida e a tomada de decisão do outro.

O encontro se deu entre o ativista e defensor do nacionalismo negro nos Estados Unidos Malcom X (Kingsley Ben-Adir), o cantor considerado o rei do Soul Sam Cooke (Leslie Odom Jr.), o jogador de futebol americano Jim Brown (Aldis Hodge) e um dos maiores boxeadores de todos os tempos Muhammad Ali (Eli Goree). Todos os atores incorporam seus papeis de figuras reais e conhecidas com maestria. O único ponto do filme que deixa a desejar é a falta de introdução dos personagens.  Apesar de terem sido figuras importantíssimas da história americana e da luta contra o racismo, o espectador que não for grande conhecedor dos personagens da vida real pode se perder.

O longa se da quase que em sua integra em formato teatral em um mesmo cenário, como nos filmes “Deus da Carnificina” de Roman Polanski, “Fences” de Denzel Washington e “A Voz Suprema do Blues” de George C. Wolfe. Tal formato permite a dramaticidade e intensidade dos diálogos e monólogos que são os pontos altos da produção.

O filme é baseado na peça homônima de Kemp Powers, com brilhante trabalho de roteiro do mesmo. “Uma Noite em Miami” marca também a estreia na direção da atriz Regina King que lhe rendeu merecida indicação ao prêmio de Melhor Direção no Globo de Ouro 2021.