Um Homem de Família
Dedicação a família, ambição e falta de escrúpulos se misturam no personagem principal, interpretado por Gerard Butler em “Um Homem de Família”.
Na primeira metade no filme, eu não conseguia entender o porquê do título, já que eu facilmente o teria apelidado de “O Homem sem Escrúpulos”. Dane Jensen é um caçador de talentos que é capaz de tudo, até mesmo denunciação caluniosa e levar bons homens à falência, para conseguir uma posição melhor na empresa em que trabalha. Assim, o personagem workaholic mistura momentos de brutalidade nos negócios, falta de paixão com a esposa e muito amor aos filhos.
O elenco foi o que me fez querer assistir esse drama e felizmente não deixou a desejar. Composto, principalmente, por velhos conhecidos meus e de uma grande parcela do público. Butler se consagrou em filmes como “300” e “A Verdade Nua e Crua”, já a atriz Gretchen Mol, que interpreta sua esposa no filme, ficou conhecida ao interpretar Gillyan Darmody em “Boardwalk Empire” e mais recentemente esteve presente no elenco secundário de “Machester à Beira-Mar”. Outra atriz que não me era estranha é a jovem concorrente direta de Dane, Lynn Vogel, interpretada por Alison Brie, mais conhecida por fazer o papel de Trudy Campbell, em Mad Men. E é claro, não poderia deixar de mencionar o talentoso veterano Willem Dafoe (que já tive o prazer de ver pessoalmente), o chefe da empresa onde tudo acontece.
Se o elenco dos adultos já veteranos não decepcionou, o infantil não deixou nem um pouco a desejar. Falando em crianças, a reviravolta na trama vai se passar ai. O duro pai acha que o filho mais velho Ryan (Maxwell Jenkins) está gordo, mas acabam descobrindo que o menino tem uma forma extremamente agressiva de câncer. A mãe dedicada e amorosa fica ao lado do menino nestes momentos tão difíceis, enquanto o pai quase nunca da as caras, usando como desculpa trabalhar intensamente pelo bem da família, para dar conforto a eles.
Se o intuito da trama era nos fazer simpatizar com o personagem principal e acreditar que ele é capaz de derrubar todo mundo a fim de crescer na carreira pelo conforto financeiro da família, isso não aconteceu. O personagem é machista, humilha constantemente a amorosa esposa que não trabalha e até na frente do filho doente é capaz de dizer que preferia estar trabalhando à passear com ele.
Ryan, ao ser questionado sobre o que o pai faz da vida, sempre responde: “Ele ajuda outros pais a conseguirem um emprego para sustentar suas famílias”. E agora com o susto de quase perder o filho que ama, será este “homem de família” capaz de mudar e se tornar o herói que o filho vê?
É um drama bonito, com atuações brilhantes, por isso vale a pena ver, mas, para mim, o personagem principal pode mudar os motivos que for, mas continua sendo uma pessoa detestável.