They/Them – O Acampamento

They/Them” leva o nome de pronomes da língua inglesa utilizados nos Estados Unidos para se dirigir a pessoas não binárias ou de gênero fluido. Apesar do nome, o filme não é uma cartilha com intuito de instruir contendo diálogos intermináveis, e sim um filme de terror que carrega temas importantes como pano de fundo. A história contém dois tipos de terror, slasher com assassinatos onde todos temem por suas vidas e, também, os horrores praticados com os jovens por homofóbicos e torturantes métodos de conversão sexual.

A trama se passa no acampamento ‘Whistler Camp‘, de conversão para jovens LGBTQIAPN+ comandado por Owen (Kevin Bacon). Inicialmente a equipe do acampamento parece acolhedora, até que métodos estranhos começam a ser usados. Os jovens percebem que algo está errado, até que é tarde demais. Enquanto isso, pessoas começam a ser assassinadas. Aqui, vilão e herói se confundem.

 

O filme é dirigido e roteirizado por John Logan, mais conhecido como produtor e roteirista, em filmes e séries como “Penny Dreadfull”, “Sweeney Todd – O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet” e muitos outros. John Logan mostra que não só é excelente em seus roteiros inspirados e inteligentes, como também é capaz de criar suspense e utilizar vários métodos para ótima direção.

Apesar de todo o horror, mortes e tortura, temos lindíssimas cenas de empatia e acolhimento, quando alguns personagens que dividem o mesmo quarto se ajudam, e mostram uns aos outros como é importante se aceitar mesmo tendo eles mesmos dificuldades com a própria aceitação. A música “Perfect” da cantora P!nk é de extrema importância para o enredo e dá o tom a um belíssimo e simbólico momento da trama.

Temos no longa uma certa paródia com o famoso slasher “Sexta-Feira 13” (1980). Ambos se passam em um acampamento, ambos com a participação no elenco de Kevin Bacon, que mais uma vez mostra todo seu talento ao exalar olhares tóxicos e ódio sem necessidade de diálogos. A partir da metade, contamos com diversas reviravoltas até o fim. O desfecho é surpreendente e nos faz questionar quem é o vilão, o mal, o errado.