The Underground Railroad: Caminhos Para a Liberdade
‘The Underground Railroad: Caminhos Para a Liberdade’ é uma minissérie que estreou em 2021 e foi produzida pela Amazon Prime Video. Ela é baseada no romance vencedor do pulitzer e escrita por Colson Whitehead. Nesse ano de 2022 acabou ganhando o prêmio de Melhor Série Limitada ou Filme Para a TV no Globo de Ouro. Ela cobre um período bem pesado da história humana e mostra com muita veracidade como foi ser um escravo nos Estados Unidos.
Sinopse:“Em um percurso cheio de aprendizados e crescimento, Cora Randall busca a sua liberdade no Sul dos EUA. Ao encontrar uma ferrovia misteriosa em uma rede secreta de trilhos e túneis sob o solo do Sul, ela descobrirá que a esperança é a energia que impulsiona o trem para a sua emancipação.”
Sem comentar muito sobre ela eu já indico que veja pelo menos o 1º episódio. O seu piloto mostra em um “resumo” tudo o que veremos pela frente. Adianto também que tudo o que veremos não será nada agradável. Ela é violenta e muito verdadeira. Essa produção é daquelas que nos faz ter nojo do ser humano. Ver como os pretos escravizados eram tratados é de doer muito o coração. Eles eram tratados como gado mesmo, quase que literalmente. A visão do homem branco naqueles tempos era de que o homem preto era inferior a eles e que só serviriam como animais. A cena que mostra o castigo de um escravo que fugiu é de virar o estômago. Isso tudo nesse único primeiro episódio. É cruel, dolorido, mas é preciso vê-lo.
Ela mostra muito a verdade, as dificuldades da época, sua crueldade, mas ela mantém um fio de fantasia. A ferrovia do título na vida real não é verdadeira. Explico melhor, esse termo foi usado nessa época, mas não eram ferrovias reais. Esse nome foi dado para designar as rotas em que os escravos percorriam para buscar sua liberdade. Na minissérie ela existe, mas ao mesmo tempo dá para perceber que ela apresenta algum elemento fantástico. Ela serve mais para metaforizar um desejo e um sonho de que houvesse algo do tipo realmente. Esse elemento não atrapalha a veracidade da história e depois fica mais claro tudo isso que acabei de falar.
A direção dos 10 episódios fica na mão do Barry Jenkins. Para quem não conhece esse nome eu elucido isso dizendo que ele também foi o diretor de ‘Moonlight: Sob a Luz do Luar’ (do qual ganhou 3 Oscars incluindo o de Melhor Filme) e de ‘Se a Rua Beale Falasse’. Para quem já viu esses dois filmes já sabe como é sua direção, para quem não sabe vou detalhar um pouco melhor.
Essa direção é simplesmente fantástica. Ela é lenta, mas completamente poderosa. Sua vagarosidade nos cria uma tensão e um sentimento de que algo vai dar errado a qualquer momento. Levando em conta sobre do que se trata essa obra, essa sensação de que algo ruim vai acontecer nos surge o tempo todo. Ele consegue criar uma ótima atmosfera da qual parece que somos uma testemunha primordial de tudo o que acontece aqui. Ele consegue passear com a câmera de um jeito muito suave e contemplativo a ponto da imersão ser enorme.
Todos os episódios são destaques de sua direção, mas o 1º, o 5º, 6º, 9º e 10º são de uma obra de arte de cair o queixo. O que ele faz aqui é de uma genialidade que não consigo expressar. O pior é que é capaz de nem todo mundo notar isso, mas acreditem, é genial.
Um dos grandes mistérios da minissérie é o destino da mãe da protagonista. Ela foi a única escrava que fugiu dessa fazenda inicial e que não foi capturada de volta pelo odioso personagem do Joel Edgerton (O Grande Gatsby), que antes de tudo posso dizer que tem uma atuação brilhante. O que acontece com ela é revelado apenas no 10º e último episódio. Sem querer estragar a surpresa, mas esse momento também é um dos grandes pontos altos de toda a história.
‘The Underground Railroad: Caminhos Para a Liberdade‘ é excelente e merece ser vista. Fiquem apenas avisados de que ela é pesada em diversos momentos, mas acho que todos nós deveríamos vê-la. A série se encontra no catálogo da Amazon Prime Video.