THE PAPER – 1ª TEMPORADA
The Paper é uma série de comédia no estilo mocumentário (falso documentário), derivada da aclamada The Office, criada por Greg Daniels e Michael Koman. Isso, por si só, já estabelece um padrão de humor que encontramos nesta nova produção. O caos corporativo agora é transportado para a redação de um jornal em crise no Meio-Oeste norte-americano. O retorno do ator Oscar Nuñez como o inesquecível Oscar Martinez confirma a continuidade do universo e serve como um elo nostálgico. A série foi antecipadamente renovada para uma segunda temporada, demonstrando a confiança na nova proposta.
Sinopse: “A equipe de documentaristas que outrora imortalizou a Dunder Mifflin agora volta suas lentes para o Toledo Truth Teller, um jornal local em decadência no Meio-Oeste americano, de propriedade do mesmo conglomerado que adquiriu a antiga empresa de papel. Lá, o novo editor Ned Sampson (Domhnall Gleeson) depara-se com uma redação desorganizada e repórteres excêntricos, enquanto tenta desesperadamente revitalizar a publicação em meio a cortes orçamentários e ao inusitado compartilhamento de espaço com uma fábrica de papel higiênico.”
Como em The Office, The Paper também mantém a essência da comicidade com um grande grau de constrangimento, no qual o desconforto social e as situações absurdas geram a comédia. O grande problema é que a fórmula é copiada, mas, por algum motivo, aquela comédia com risos naturais e rasgados não chega. É lógico que ela possui alguns bons momentos, mas está a anos-luz de sua produção original. A dinâmica caótica do ambiente de trabalho e as personalidades excêntricas da equipe do jornal muitas vezes parecem muito forçadas e, por isso, não conseguem atingir o objetivo. Os ótimos momentos chegam principalmente através de dois integrantes do elenco: o Oscar, nosso já querido conhecido; e a italiana Esmeralda Grand (Sabrina Impacciotore), que é a grande sem noção e é quem nos arranca as maiores risadas.
O formato de mocumentário que consagrou a predecessora está bem presente aqui, e com isso, temos ótimas piadas que remetem ao passado e outros momentos constrangedores dos personagens atuais. A filmagem em forma de metalinguagem não é somente um artifício cômico, mas também se torna uma testemunha das tentativas desastradas de fazer jornalismo em um ambiente de trabalho em puro colapso. Disso o humor surge ao mostrar a inabilidade dos personagens de lidar com a crise da mídia, transformando o desconforto em comédia observacional, marca registrada do criador Greg Daniels.
Um dos pontos positivos que a nova produção tenta explorar é a luta do jornalismo tradicional contra o apelo sensacionalista do clickbait que atualmente domina a esfera digital. O novo editor, Ned Sampson, é um idealista que deseja reviver o ofício investigativo e local de qualidade, enquanto a realidade financeira impõe matérias de baixo esforço e alto retorno de cliques. Esse cenário de jornal decadente, que divide espaço com a produção de papel higiênico, é utilizado para satirizar essa dicotomia sugerindo que o valor da apuração e da conexão com a comunidade local está sendo tragado pela busca incessante por lucro rápido e fácil. Essa observação fica em segundo plano. Não é a força motriz da história, mas está ali o tempo todo batendo na porta e tentando mostrar essa realidade.
The Paper é uma sequência espirituosa de The Office, que chegou de forma discreta e minimamente competente. Ela possui bons momentos, mas ficou longe de me arrancar gargalhadas altas ou de me levar às lágrimas com suas situações sem noção. Os integrantes do elenco ainda não me capturaram completamente, e talvez essa falta de envolvimento com cada personalidade seja um fator para eu não ter gostado como deveria. Indico para os fãs de longa data da Dunder Mifflin que podem vir a achar esta produção nostálgica sem ser uma mera cópia, podendo assim apreciar mais um título no estilo mocumentário.
