The Boys – 2ª Temporada
Se existissem heróis no mundo real, certamente seriam muito parecidos com os de The Boys. Acho que isso não há dúvidas. Toda a sua busca por fama e dinheiro condiz muito com nossa realidade. Salvar pessoas? Se for para dar ibope, então ok, mesmo que tenham grandes efeitos colaterais, como a morte de vários inocentes. Essa perspectiva de que os heróis são os reais vilões é incrível, isso causa muitos paralelos com o nosso mundo.
A série voltou para esse 2º ano muito mais insana e ácida do que a 1º. A violência extrema está presente, mas ela é tão gráfica que no final estamos rindo, mesmo que seja de horror. Com essa violência também foi inserida toda a crítica social que você possa imaginar. Frases como “salve a América” e não “salve o mundo” nos diz muito sobre eles. Isso é só a ponta do iceberg, porque temos uma grande leva de manipulação da mídia e fake news. O fato dos heróis temerem mais a mídia do que a polícia é revelador, pois eles não estão se lixando em serem presos (eles são a lei), e sim se importando se suas imagens estão ou não manchadas.
Stormfront (ou Tempesta) chegou para dar o que falar. Inicialmente, não sabemos exatamente o que ela quer. Chega falando mal da Vought, se mostra engraçada e até mesmo aparece como uma futura rival para Homelander. Aos poucos, suas reais intenções aparecem e elas são horríveis. Ela se mostra uma pessoa cruel, mas com um poder de fala e com um discurso de senso comum capaz de fazer o que ela diz em coisas não tão absurdas assim (se identificou nos dias de hoje?). Uma racista de primeiro nível e com a frase mais marcante dessa temporada: “As pessoas gostam do que eu falo, elas acreditam. Só não gostam da palavra “nazista””. Isso nos diz muito sobre nossos atuais governantes, quer queira quer não.
Uma frase também que me marcou foi: “salve a América”, dita por Homelander. Ele não diz “salve o mundo”. Isso estabelece muito o xenofobismo, pois o que está do lado de fora das fronteiras, é o inimigo. Homelander, para mim, é o melhor personagem da série. Ele claramente é o grande vilão, mas ele é que dá o show. Impossível não odiá-lo e amá-lo ao mesmo tempo. Uma sátira perfeita do Superman. Antony Starr manda muito bem no papel e nos mostra de um modo perturbado como o mundo está nas mãos dele. A cena dele tomando leite, já é clássica.
Butcher também é um grande personagem da série. Em muito momentos, considero que ele e Homelander são faces opostas da mesma moeda. Isso não o deixa com o carimbo de herói. Talvez seja um herói bem deturpado da realidade que acredita que matar todos os heróis seja a solução. Tudo isso nos leva ao final dramático da temporada em que ele tem que escolher qual o rumo que ele quer seguir. Sua decisão final nos mostra que ele ainda tem alma e uma possível salvação de todo o seu ódio.
Que final de temporada nós tivemos. The Boys mostrou como se constrói uma expectativa e como se resolve tudo de uma forma deveras satisfatória. A briga das mulheres que foi catártica (aposto como todos comemoraram), a virada da Queen Maeve se soltando das amarras do Homelander, a difícil decisão de Butcher e a sua grande perda. Tudo isso nos mostra que essa é a melhor série da atualidade, e digo isso sem exageros.
Agora, é torcer para a chegada da já confirmada 3º temporada. Podemos esperar momentos mais insanos pela frente. A apresentação final de uma nova ameaça já nos deixa ansiosos para o que vai vir. Acredito também que teremos uma presença maior da Igreja da Coletividade, que nos deixou um sentimento de que eles podem muito mais. Sei que 8 episódios pode parecer pouco, mas eles são o suficiente para se contar a história sem ter que ficar enrolando. O único problema é aquela sensação de “quero mais”.