Terrifier 3
Eu sempre mantenho a pulga atrás da orelha quando um novo filme de terror surge e segue a seguinte notícia: “tantas pessoas deixaram a sessão no meio e algumas vomitaram”. Sempre acho que é um marketing batido. Mas para Terrifier 3 é perfeito, pois eu consigo visualizar facilmente as pessoas saindo do cinema com ojeriza e com o estômago virado. Ele é gore e sangrento como o amante do trash gosta. Posso classificá-lo como uma grande trasheira violenta. Esse é o chamariz, mas o pior (ou melhor) é que mesmo assim ele nos dá a sensação de que vimos algo único e bom. O terror slasher está vivo e esse filme nos mostra isso.
Sinopse: “Cinco anos após os acontecimentos de Terrifier 2, o palhaço Art está de volta e pronto para espalhar o terror para os inocentes do pacato Condado de Miles. Se antes ele atacou no Halloween, agora escolheu o Natal para causar suas barbáries. Enquanto isso, Sienna (Lauren LaVera) tenta seguir sua vida mesmo com os horrores causados no passado por Art. Entre alucinações e a verdade, nossa heroína é a única capaz de deter o Palhaço do Inferno.”
Esse filme mexeu demais comigo, e se eu estava minimamente com o pé atrás com ele, tudo se desfez na sua cena de abertura. Mostra a que veio e não mostra compaixão com ninguém. Ele é pesado, cruel e possui um nível de sadismo bem alto. Os efeitos especiais práticos dão um tom a mais para as barbáries e o nível de sangue chega a ser absurdo. Enquanto sofremos com que nos é mostrado, vemos Art simplesmente se divertindo e sendo feliz executando tais ações dignas de um servo do inferno. Esse personagem é o suprassumo do terror. Causa um medo terrível ao mesmo tempo que faz rir com palhaçadas.
Terrifier 3 é um terror diferente. Ele não te causa medo e muito menos susto, porém, ele te deixa em um nível de ojeriza tão grande que internamente pensamos: “para, por favor, não to aguentando mais”. Não basta Art apenas matar, ele precisa te causar um mal estar tremendo a ponto de não querermos mais ver o que está sendo mostrado. Nisso, ele é crucial. O diretor Damien Leone conhece o personagem, sabe do que ele é capaz e vai fundo na ferida de nossa sensibilidade visual. Quanto mais bizarro, mais o trabalho de Leone foi bem feito.
Toda essa trasheira poderia ser categorizada como algo ruim, mas estranhamente a sensação de que estava vendo algo bom foi surgindo. Síndrome de Estocolmo? Não saberia dizer, porém, esse clima infernal foi fazendo bem para o longa. A sua parte final é uma obra-prima do terror/trash/slasher. É agonizante e queremos que a mocinha salve as pessoas. Não consegue muito, mas nos dá um pouco da catarse que estávamos precisando. Terrifier 4 está logo ali. O final aberto já nos faz crer que uma continuação já está sendo produzida nesse momento.
Damien Leone já pode ser considerado um gênio do gênero. Ele sabe o que está em suas mãos e não se vendeu. O longa é barato e possui uma reduzida mão de obra. Ele recusou vender os direitos para os grandes estúdios porque sabia que iam vetar ele e suas ideias. Sendo independente ele pode fazer o que quiser, e fez. Fez tudo sem perdão e sem medo de achar que falariam mal dele. Uma obra de arte do terror está em suas mãos e tudo crê que esse inferno só vai piorar. Terrifier 3 é preciso ser visto pelos fãs do gênero. Caso não goste, passe muito longe.