Silêncio
Em “Silêncio”, vemos em suma, a história de padres (jesuítas) e uns poucos cristãos convertidos nadando contra a maré, ou seja, tentando manter sua fé enquanto um maléfico inquisidor japonês quer torturá-los e convertê-los ao budismo (única religião local permitida na época). Ao pensar nisso, descobri uma grande semelhança entre meu pensamento e este enredo. Apesar de ter apreciado o filme, encontrei vários erros e gafes gravíssimas que me impediram de ficar totalmente imersa e adorar esta produção amada por quase todos. É muito difícil ter opinião contrária à maioria, muito difícil lutar contra a maré.
Esta é uma adaptação cinematográfica do magistral diretor Martin Scorsese (O Lobo de Wall Street), em cima do livro homônimo escrito em 1966. A história passa em 1640 e foca em três padres católicos “portugueses”, Ferreira (Liam Neeson), Rodrigues (Andrew Garfield) e Garupe (Adam Driver). Quando a Igreja perde o contato com Padre Ferreira, que lutava bravamente contra a inquisição japonesa para converter o povo do pais em questão, o Padre Rodrigues,- que foi seu discípulo-, e Garupe, partem para o Japão com a ajuda de um mercenário, Kichijiro, um japonês bêbado, por se recusarem a acreditar no boato de que Ferreira foi convertido ao budismo e vive no Japão casado e com filho.
A narrativa é toda muito boa. Para mim, os dois maiores acertos do filme foram a fotografia e a atuação de Adam Driver (Kylo Ren de Star Wars – O Despertar da Força). O erro crasso para mim é tentar fazer com que os personagens sejam portugueses. Deixe-me explicar, não que estes três ores não pudessem fazer papel de portugueses pela aparência (até porque, assim como brasileiros, portugueses não tem cara); ou pelo filme se passar todo em inglês (isso é entendível, senão Moulin Rouge, Maria Antonieta, A Garota Dinamarquesa, dentre outros, também não poderiam ser em inglês). Para mim o que atrapalha e muito, é uma certa falta de capricho, algumas palavras,- principalmente os nomes-, deveriam ser falados em português, não custaria tentar chegar o mais perto possível, os atores deveriam no mínimo ter aprendido a falar “Ferreira” em português corretamente, ao invés disso, o nome mais falado no filme é repetido várias e várias vezes em um típico sotaque americano.
O resto da história vai mostrando os dois padres encontrando alguns poucos japoneses cristãos (que estão dispostos a sacrificarem-se para escondê-los), enquanto procuram Ferreira. Há momentos extremamente impactantes e emocionantes, não recomendo levar uma senhorinha católica para ver este filme, já que são mostradas cenas como, cristãos sendo obrigados a pisar em imagens católicas para não serem mortos.
Agora, uma coisa nós podemos dizer, Andrew Garfield está se tornando um ator símbolo da fé cristã. Em “Silêncio” interpreta um padre que vai até o seu limite quando sua fé é posta a prova; e no indicado ao Oscar 2017, “Até o Último Homem”, é um herói de guerra cristão que faz de tudo para salvar com a ajuda de seu Deus, sem nunca segurar uma arma ou deixar de rezar.
Existem outros dois pontos que não me agradam, primeiro que o filme de duas horas e quarenta minutos é muito longo desnecessariamente; segundo que algumas partes mostradas (principalmente do meio para o final) não são exatamente atitudes que se espera de um cristão fervoroso, ou seja, a intenção não convence.
Mas talvez você seja parte da maioria que amou o filme e até eu, que encontrei estas “falhas”, posso dizer que é uma belíssima obra e foi uma ótima experiência, então, recomendo que você vá ao cinema conferir.