Shazam!
Shazam pode ser considerado um herói B da DC Comics, mas a partir daqui já digo que ele entrou no panteão dos heróis principais. Nunca sendo bem aproveitado pela editora, e renegado à segunda linha de heróis, nunca teve lá uma história de grande impacto e que fosse chamada de clássica por fãs e crítica. Mas por isso tudo, talvez ele seja o personagem perfeito para a DC nos cinemas. Embora Aquaman tenha sido sucesso, eles ainda tinham que se provar, devido a seus erros do passado. E finco com propriedade que essa nova fase pode ser a melhor coisa já feita pela editora.
Sinopse: “Todos temos um super-herói dentro de nós; só é preciso um pouco de magia para que ele ganhe vida. No caso de Billy Batson (Angel), basta gritar uma palavra – SHAZAM!- para que o jovem malandro de 14 anos se transforme no super-herói adulto Shazam (Levi), cortesia de um antigo mago. Um menino em sua essência – dentro de um corpo sarado, como o de um deus – Shazam se esbalda nesta versão adulta dele mesmo fazendo aquilo que qualquer adolescente faria com superpoderes: divertir-se com eles! Ele é capaz de voar? Tem visão de raio-X? Consegue soltar raios pelas mãos? Pode perder a prova de estudos sociais? Shazam começa a testar os limites de suas habilidades com a despreocupação típica de uma criança. Contudo, ele precisará dominar estes poderes rapidamente para lutar contra as forças do mal controladas pelo Dr. Thaddeus Sivana (Strong).”
Todo mundo na vida já se imaginou com poderes. Tendo isso em mente, imagina se do nada você ganha essa dádiva. O que você faria? Melhor ainda, o que o seu eu adolescente faria se ganhasse esta preciosidade? Esse é o mote principal aqui, e se no início da divulgação a comédia estava me incomodando, posso afirmar que foi a melhor escolha e que faz muito sentido com personagem. As cenas mostrando os testes dos poderes é incrível e de onde se tira as maiores risadas. E aproveito para dizer que o grande destaque é o humor, junto com a história de família. O assunto é tratado de forma simples mas que ganha uma grande força, principalmente ao final do longa. “Ninguém é poderoso o suficiente se isso não pode ser compartilhado”, parafraseando a grande lição final.
Para tudo isso dar certo era preciso um ator que fosse carismático e ainda assim parecesse bastante heroico. Zachary Levi (da série Chuck) foi o escolhido para viver o papel, e foi uma ótima escolha. Ele consegue transbordar carisma em todas as cenas em que aparece se tornando a escolha mais que certa. Pra completar, a escolha de seu irmão adotivo e comparsa nas tramoias heroicas também é perfeita, Jack Dylan Grazer (It: A Coisa). Os dois juntos formam uma dupla incrível. E não posso esquecer também dos outros irmãos adotivos que são todos incríveis. Até o vilão, vivido por Mark Strong (Kingsman: Serviço Secreto) também é bom, embora seja a única peça realmente séria aqui, contrastando com todo o bom humor do nosso protagonista.
A aura adolescente nos remete muito aos filmes de sessão da tarde dos anos 80. Aquelas aventuras simples mas que nos faziam curtir e vibrar com o andamento da trama. Uma das suas influências mais nítidas é a “Quero Ser Grande”, filme de 1988 estrelado por Tom Hanks. É tão na cara que ali pelo meio rola uma homenagem ao filme que é bem divertida. Essa aura está tão latente que acabamos escutando “I Don’t Want To Grow Up” do Ramones nos créditos finais junto com uma animação muito divertida do herói. O longa ainda tem uma grande surpresa na parte final, do tipo que me fez querer vibrar na sala de cinema. Ou melhor duas surpresas.
Ainda temos 2 cenas pós-créditos: uma que leva direto a uma continuação e outra que é uma piada. Esperemos que com esse excelente filme que a DC tenha realmente encontrado seu caminho. Em vez de tentar copiar a rival, viu que caminhar sozinha é a melhor coisa a ser feita. Saí empolgado e querendo ver mais coisas de Shazam e do universo DC nos cinemas. Que venha agora o filme do Coringa, que é o próximo projeto que estreia ainda esse ano.