Sergio

Sergio é baseado na história verídica da vida de Sergio Vieira de Mello, brasileiro que trabalhava para a ONU e que foi negociar a paz no Iraque após a invasão norte-americana ao país. Era o ano de 2003 e lembro quase que perfeitamente quando foi noticiado o que aconteceu. Apesar de ser um acontecimento real prefiro não dizer exatamente o que houve, pois tenho certeza que muita gente não deve se lembrar da notícia ou até mesmo não deve nem mesmo saber. Isso talvez melhore um filme que peca por ter uma narrativa contada de uma forma que não me agradou tanto.

Sinopse: Carismático e complexo, Sergio Vieira de Mello (Wagner Moura) passou a maior parte de sua carreira como diplomata sênior da ONU nas regiões mais instáveis do mundo. Habilidoso, ele conseguia fechar acordos com presidentes, revolucionários e criminosos de guerra para tentar proteger a vida das pessoas comuns. Justamente no momento em que se preparava para viver uma vida mais simples com a mulher que amava (Ana de Armas), Sergio assumiu uma última missão em Bagdá, recém-mergulhada no caos após a invasão americana. A tarefa deveria ser breve, mas uma explosão fez com que a sede da ONU caísse literalmente sobre ele. É o início de uma emocionante batalha de vida ou morte. Inspirado em uma história real, SERGIO apresenta um homem levado aos limites físicos e emocionais ao ser forçado a confrontar as próprias escolhas em relação a ambições, família e sua capacidade de amar.”

Apesar de ter soado pessimista no final do parágrafo, ele não é um filme ruim. Também não é um filme excelente. Ele vem exatamente como uma biografia que poderia também ter sido feita como um documentário. Ver a vida de Sergio nos fez refletir sobre o quão bom ele era nas mediações de paz. Até mesmo quando parecia impossível, ele ainda assim conseguia extrair leite de pedra e fazer o que se julgava impossível. Toda essa habilidade vinha dele mesmo como pessoa, como pai e como diplomata.

O que me incomodou mesmo foi como a edição do longa foi realizada. Ela começa no Iraque e vai retroagindo, como se ele começasse a rever toda a sua vida por estar a beira da morte. Esse detalhe tirou o peso daquele homem que deveríamos nos importar. Se a linha do tempo tivesse sido linear começando realmente do início e indo até o seu derradeiro momento, o final se tornaria muito mais dramático a ponto de nos importarmos ao máximo com o personagem.

Apesar desse detalhe que para mim é crucial ainda vale demais ver a história desse homem. Ainda mais por ser nosso conterrâneo. Realmente uma pessoa que se doava ao máximo para conseguir a paz. Muito dessa entrega deve-se a Wagner Moura (Tropa de Elite). A sua escolha já foi muito acertada e falar de sua interpretação é sempre como chover no molhado. Ele faz as cenas com muita naturalidade e acreditamos em tudo que está nos sendo entregue em tela. Ana de Armas (Entre Facas e Segredo) não chega a brilhar tanto, mas segura as pontas como o amor da vida de Sergio.

É dito no longa que um dos lugares favoritos do Sergio era as pedras do Arpoador. Me senti muito representado porque eu também adoro aquele lugar, onde eu amava ir para escutar música e pensar na vida. Mostrar isso em tela pode parecer bobo para a maioria das pessoas, mas me tocou, porque eu entendo esse sentimento. As cenas finais focam um pouco nesse sentimento que qualquer carioca que ama o Arpoador vai entender.

Não é excelente, mas acho que deve ser conferido obrigatoriamente por qualquer brasileiro. Conhecer a história de um conterrâneo tendo vivido na mesma época que ele, torna ela mais grandiosa ainda. Ter conhecimento e orgulho de uma pessoa tão boa do passado faz bem para o nosso presente e que pode nos fazer enobrecer para o futuro. Sergio está disponível na Netflix e foi lançado em abril de 2020 e sua recepção no geral foi bem morna, mas finco o pé com a afirmação de ele merece ser visto.