Segredos de um Escândalo
Um filme que chega com aquele tempero certo para as premiações. Bom elenco, boa direção, bom roteiro e uma história um pouco complexa para se digerir de primeira. Ela é baseada em cima de uma história real em que uma mulher de mais de 30 anos se envolveu amorosamente e sexualmente com um jovem menor de idade. Um tema pesado e que abre diversas hipóteses para discussões sobre o que realmente aconteceu.
Sinopse: “Segredos de um Escândalo conta a história de Gracie (Julianne Moore) e seu marido Joe (Charles Melton), que é 23 anos mais novo que ela. O relacionamento dos dois começou quando Joe ainda tinha 13 anos, causando um escândalo nos jornais. Vinte anos depois de seu romance ter chegado às manchetes, o casal está se preparando para que seus gêmeos comecem o ensino médio. No entanto, suas vidas viram de cabeça para baixo quando a atriz Elizabeth Berry (Natalie Portman) vem estudar Gracie para um papel no cinema. A dinâmica familiar se desenrola quando Joe percebe que perdeu sua juventude.”
O filme não visa contar como foi esse caso que levou a mulher à prisão. Ele se passa 20 anos após o ocorrido e mostra como esse casal vive após esse escândalo. O agravante para essa trama é que a história vai se tornar um filme e será estrelado pela atriz Elizabeth Berry, vivida por Natalie Portman (Cisne Negro), e ela entra em contato com Gracie, vivida por Julianne Moore (Boogie Nights: Prazer Sem Limites), e pede para que passe um tempo com ela e sua família para entender a pessoa e passar a maior veracidade possível para a tela de cinema.
É a partir desse ponto que a trama real começa a se desenrolar. Em busca de conhecer a real pessoa e os motivos para o que aconteceu, Elizabeth começa a tentar ir fundo na história atrás de segredos e os famosos “esqueletos no armário”. Tentar entender as motivações que a levaram a cometer esse crime. O fato é que Gracie parece uma pessoa comum que vive bem ao lado de seu marido e seus filhos e que não aponta nenhum indício de culpa. Ela fez e não se arrepende de nada. Ela é bem-vista pela vizinhança, mesmo que em um momento ou outro, algum tipo de ataque ao que ela fez ainda ocorra, como mandarem fezes em uma caixa para a porta de sua casa.
Nessa “investigação” da Elisabeth, ela consegue achar vários indícios da motivação, mas a verdade é que nada fica claro. A chave para tudo acaba sendo o marido de Gracie, Joe Yoo, vivido por Charles Melton (Riverdale). Afinal, ele foi abusado por ela e foi levado a crer que a ama, ou ele realmente foi a pessoa que seduziu a mulher mais velha e assim a conquistou? Isso fica dúbio e cabe a nós esclarecermos a história como quisermos. Embora haja indícios durante todo o filme sobre o que realmente aconteceu. Isso só não fica claro na nossa cabeça de forma instantânea.
Esse filme se torna realmente bom devido as atuações dos atores principais. Julianne Moore é boa demais e parece estar sempre segura de quem ela é de verdade. Ela é amável e ao mesmo tempo manipuladora. Ela parece boba, mas está sempre um passo na frente de todos. A atuação dela é minimalista, mas brilhante. Sem exageros e pontual. Natalie Portman poderia ter feito um dos papéis de sua vida aqui, não chega lá, mas mesmo assim, é possível deslumbrar o que ela faz em cena. Principalmente quando ela começa a imitar os trejeitos da Juliane Moore absolutamente do nada. Quando você percebe, já é tarde demais. Julgo não ser uma senhora atuação porque senti que ela ficou abaixo da Juliane Moore aqui. Não é um demérito, apenas uma observação.
Apesar dessas duas gigantes da atuação, o destaque maior vai para Charles Melton que de forma simples rouba a cena, literalmente, do filme. No início, vemos um cara confiante e com a certeza de que ele escolheu essa vida. Conforme a projeção vai se desenrolando, começamos a notar o seu silêncio como algo ainda infantil nele e como um homem que não foi capaz de decidir as coisas a seu favor. Se deixou ser levado e que agora é a hora dele mostrar o que realmente quer e o que realmente é capaz.
Gostei do filme e percebi que gostei ainda mais dele agora enquanto escrevia. Ele possui muitas camadas e não é simplesmente fácil de digerir. Ele não chega em uma conclusão clara e isso pode nos deixar dúvidas, mas basta rever o filme em sua mente que as coisas começam a fazer um pouco mais de sentido. Ele está nos detalhes e isso é louvável demais. Esse é mais um filme que chega em janeiro que está apto a estar presente nas vindouras premiações.