Resgate

Desde que me conheço por gente, os Estados Unidos sempre são os salvadores do mundo, pelo menos dentro dos filmes. Se não fosse por eles, os vilões teriam sempre ganho. Sabemos que na realidade não é bem assim, mas no momento, a última coisa que queremos é realidade. Queremos algo para nos distrair, que nos faça esquecer um pouco das mazelas do mundo atual e embarcar em uma história cheia de cliché, mas repleta de ação da melhor qualidade. Para isso, nada melhor do que Resgate, novo filme que teve estreia na Netflix.

Sinopse: “O destemido mercenário Tyler Rake (Chris Hemsworth) não tem nada a perder quando é recrutado para resgatar o filho de um chefão do crime internacional. O menino foi sequestrado. O pai está preso. O submundo sinistro dos traficantes de armas e drogas torna a missão quase impossível. Uma coisa, porém, é certa: depois disso, Rake e o menino jamais serão os mesmos.”

A princípio ele é só mais um filme qualquer com aquela típica história de salvação: uma criança é sequestrada, um soldado norte-americano com um passado sofrido sem medo de morrer (pois se morrer será um alento a ele), o soldado se envolve emocionalmente com a criança, soldado busca sua redenção. Tudo isso está presente aqui e se fosse somente isso, seria realmente mais um filme qualquer do gênero, a diferença de tudo isso está nas cenas de ação.

As cenas de ação são a cereja do bolo e é o principal motivo para ver esse longa. Sam Hargrave estreia no seu primeiro longa-metragem, cujo o seu maior destaque antes disso tenha sido como dublês em diversos filmes. Ele ainda atua (o sniper que ajuda o protagonista no início) e é capaz de ser excelente no mundo da direção. As lutas são muito bem coreografadas, lembrando até mesmo cenas de John Wick, mas o seu auge mesmo é a cena que começa com uma perseguição de carro, que envolve porradaria, tiroteio, explosão e um movimento de câmera espetacular em um incrível plano sequência. Primoroso e genial.

Um outro ponto que gostaria de destacar, e que não afeta a trama em si, mas que me gera um incômodo, é o fato dessa paleta amarela sempre retratada em países de 3º mundo. A história se passa em Bangladesh e essa paleta amarelada nos remete automaticamente ao calor e a pobreza. Outros aspectos mostram isso também como aqueles ventiladores de tetos morosos e aquele tanto de terra e areia fazendo quase parecer que está em um lugar bem quente mesmo. Entendo que faz parte da ambientação e que é usado para deixar o ambiente mais inóspito e amargurante para o protagonista e espectador, mas é algo que me incomoda (talvez tenha funcionado).

A produção é realizada pelos irmãos Anthony e Joe Russo, a mesma dupla responsável pelo maior sucesso de bilheteria de todos os tempos (Vingadores: Ultimato). Sabemos que com eles devemos pelo menos dar uma conferida, eles merecem esse crédito. E não por acaso o nosso protagonista é vivido por Chris Hemswort (o nosso querido Thor dos filmes da Marve), a amizade vai além da tela. Recentemente, um dos irmãos Russo declarou que vai escrever a continuação de Resgate. Não sabemos como será a história, mas esperemos um bom trabalho de todos e a mesma qualidade técnica mostrada aqui.