Queer

Queer é baseado no livro de mesmo nome escrito por William S. Burroughs (1914 – 1997), onde o personagem principal William Lee é um alter ego do autor. Ele foi escrito em 1952, mas só veio a público 3 décadas depois por conta de sua explícita temática homossexual. Dirigindo o longa temos Luca Guadagnino, que vem se mostrando um ótimo diretor tendo em sua conta filmes como Me Chame Pelo Seu Nome (2017), Suspíria: A Dança do Medo (2018), Até os Ossos (2022) e Rivais (2024). Todos filmes de qual gostei e dá para perceber que ele tem um diferencial nas obras em que toca. Queer é um filme que ele planejava dirigir há 20 anos e enfim conseguiu.

Sinopse: “William Lee (Daniel Craig) é um expatriado americano que se encontra na Cidade do México na década de 50. Lee vive entre estudantes universitários americanos e donos de bares que, como ele, sobrevivem com empregos de meio período e benefícios do GI Bill, uma lei que auxiliou veteranos da Segunda Guerra Mundial. Em meio à vida boêmia da cidade, Lee conhece Eugene Allerton (Drew Starkey), um jovem por quem desenvolve uma intensa paixão. O filme explora temas de solidão, desejo e a busca por identidade em um cenário pós-guerra.”

Esse filme não é fácil de acompanhar. Ele possui muitas nuances surrealistas que precedem um conhecimento básico sobre o autor da obra. Algo do qual não sabia e fiquei perdido diversas vezes pensando e tentando racionalizar o que estava vendo. Embora o longa não seja sobre essas viagens, ele me deixou perdido devido a isso. Quando não temos esses momentos a narrativa corre melhor e se torna mais linear. Ficamos presos nesse romance tórhttps://www.youtube.com/watch?v=KJ0bfJPrnKg&t=1srido cheio de luxúria e paixão que de certa forma acaba sendo um pouco tóxico.

Certamente, esse longa não vai ser para todos. Enquanto eu não gostei muito por causa de sua narrativa confusa como uma viagem de drogas, outras pessoas não irão gostar devido ao teor homossexual quase explícito que temos em tela. Luca Guadagnino não tem medo de colocar o sexo em seus longas e aqui ele consegue ir até mais longe do que o normal. Alguns podem achar exagerado, mas acho que esses momentos compõem a história mostrando o porque Lee se apaixonou por Allerton. O seu desejo e a necessidade de ser amado fica nítido a partir desses momentos mais picantes.

A história é contada através de 3 capítulos e mais um epílogo. No primeiro capítulo, vemos como os dois se conheceram; no segundo, acompanhamos a viagem dos dois pela América do Sul; e o terceiro, é a busca pela ayahuasca, uma bebida alucinógena recém descoberta pelo mundo na época, sendo que os índios já a usavam faz tempo. Posso dizer que esse é o ponto alto do longa, por mais que seja deveras confuso. Nosso protagonista consome drogas pesadas e é completamente dependente delas. Quando vai atrás da ayahuasca, ele pretende conhecer essa nova droga ao mesmo tempo que quer desenvolver a telepatia, para entender mais o seu maior amor e assim conquistá-lo de vez.

A viagem de drogas vem à tona com muita força nesse momento. Ver os dois personagens se entrelaçando e quase se tornando um só é bem emblemático e com isso consegue expressar muitas coisas. Mesmo que nem mesmo nós consigamos entender tudo o que está acontecendo. Beber esse chá não é para qualquer um e fiquei curioso em saber o que viria pela frente caso eles bebessem mais dele. Essa curiosidade fica no ar e logo depois somos cortados para um epílogo.

Queer definitivamente não é um filme fácil, e apesar de não ter apreciado a sua narrativa, dá para tirar alguns pontos positivos. Esse feito fica na mão do diretor que se mostra melhor a cada trabalho. Daniel Craig (007 – Sem Tempo Para Morrer) se mostra cada vez um ator mais versátil e apesar de não achar o melhor papel de sua carreira, é fato que ele faz um bom personagem. Por fim, quero mencionar as músicas que são muito bem escolhidas e muito bem encaixadas nas cenas. Um exemplo disso é escutar Come As You Are do Nirvana em um ponto chave da trama.