Prenda a Respiração
Prenda a Respiração foi um filme que surgiu com uma pompa daquelas que parecia que seria um grande sucesso nos cinemas. Praticamente sem aviso e sem nenhum tipo de marketing, simplesmente estreou no catálogo da Disney+. Isso me soou um pouco alarmante, me fez crer que ele não seria tão bom assim quanto estava imaginando. A falta de confiança dos responsáveis me preocupou. Estava certo em pensar assim. Não o achei ruim, mas também está longe de ser uma obra daquelas memoráveis.
Sinopse: “No interior dos Estados Unidos no ano de 1933, um vilarejo é assombrado por uma tempestade de areia. Esse evento climático gera uma sensação de perigo iminente, provocando doenças respiratórias e até mesmo o perigo de morrer sufocado por tanta areia e poeira. Para além do terror externo, os elementos de suspense se intensificam com o embate interno da protagonista Margaret (Sarah Paulson), que tenta proteger, a todo custo, a família de uma ameaça que surge entre a poeira.”
Esse longa se passa durante o Dust Bowl, evento climático que assolou o interior dos Estados Unidos durante a década de 30. Esse background deixa todo o ambiente parecendo inóspito. A falta de água e comida se faz presente o tempo todo. Sentimos o ar carregado de poeira e notar aquele vento empoeirado nos coloca dentro do que estamos vendo. Porém, toda essa localização de momento histórico com imersão se perde com a demora do desenvolvimento da história. Perde muito tempo com isso e parece esquecer a que veio.
Sarah Paulson (American Horror Story) é o grande nome desse elenco e sempre será uma boa escolha para o que quiserem fazer. Ela realmente atua muito bem e ver a preocupação diária com suas filhas dá uma credibilidade bem alta. Infelizmente, ela não consegue fazer tudo sozinha. A demora no desenvolvimento do roteiro prejudica até mesmo sua personagem. O tempo todo fica mostrando uma imagem em que ela parece estar sufocando. Isso causa pequenos sustos, mas é o tempo todo. Essa parte é explicada mais para o final, mas fico na dúvida se precisava tanto frisar nisso. Essa lentidão total causa um marasmo para um filme de curta duração (94 minutos).
Agora vou comentar sobre algo do qual confesso não ter entendido muito bem. Tentarei comentar sem dar muito spoiler porque esse detalhe acaba sendo importante para a trama. Em um certo momento da história aparece um personagem que surge como o grande antagonista. Nós entendemos que ele é real, mas mais para frente o texto o torna quase que um ser sobrenatural. Junto com devaneios de nossa protagonista, ficamos na dúvida sobre ele. Porém, quando fica claro o que está acontecendo nos coloca em dúvida sobre a realidade de fato. Isso me deixou confuso sobre até onde era real ou não. Nem to falando do caso do roteiro ser aberto a interpretações, apenas me pareceu algo mal feito mesmo. Se apenas nossa protagonista tivesse interagido com ele, tudo bem, mas as suas filhas também o fizeram. Então, não entendi.
Prenda a Respiração não é horroroso, mas também não é o longa que vai finalmente colocar a Sarah Paulson no holofote que ela merece. Faltou algo que poderia deixá-lo melhor. O desenvolvimento é muito devagar e quando mal percebemos as coisas começam a acontecer e não vemos nenhum vestígio disso antes. Quando o verdadeiro “terror” surge já estamos na reta final e não é tão bem aproveitado como poderia ter sido.