Por Trás dos Seus Olhos
Você que está lendo esse texto, alguma vez durante a sua vida já imaginou como seria ser cego? Como seria a sensação de enxergar e do nada ficar cego? Eu já imaginei isso e é algo que deve ser terrível, chego até a me revirar só de pensar em não poder ver mais nada. Esse é o ponto de partida de “Por Trás dos Seus Olhos”, novo filme do diretor Marc Foster (Em Busca da Terra do Nunca), onde temos uma personagem cega que ganha a esperança de enxergar de novo através de um transplante de córneas. Mas será que é bom enxergar de novo ou será que é melhor continuar sendo cega?
Sinopse: “Casada com um marido atencioso (Jason Clarke), Gina (Blake Lively) é uma mulher cega que acaba recuperando a sua visão. Iniciando uma nova fase em sua vida, ela começa a ver e descobrir situações perturbadoras da vida a dois, mudando completamente o seu relacionamento com o marido, que se torna uma teia de mistérios.”
Achei a premissa muito boa, mas por muito tempo durante o filme eu não estava entendendo para onde ele queria me levar. Era óbvio que voltar a enxergar implicaria em mudanças na vida do casal vividos por Blake Lively (Águas Rasas) e Jason Clarke (Planeta dos Macacos: O Confronto), mas a sensação que eu tive era que demoraram muito para chegar onde deveria. Em um longa onde não acontece nada a não ser contemplar as coisas com os olhos da personagem principal.
Fiquei esperando durante muito tempo aquela grande reviravolta do roteiro. Essa “reviravolta” até acontece, mas já para o final da projeção. O que apesar de ter gostado da resolução final, me deu impressão de que perdi um bom tempo de nada para um final bom. E por falar nisso, até que ponto podemos ser egoístas o suficiente em nome do amor? Existe esse limite ou vale tudo? Na mina opinião tudo tem limite, e nesse caso foi ultrapassado por muito.
Para muitas pessoas o que importa é o final e não a jornada, não é o meu caso. Gosto de curtir o filme inteiro e mais ainda o seu final (isso seria lindo). Não foi o caso aqui para mim, e não que o filme seja horrível, até gostei, mas acho que demora a chegar realmente onde deve. Poderia ser mais dinâmico e menos contemplativo. Até entendo toda a contemplação, afinal a personagem principal volta a enxergar após anos e deveria passar um pouco dessa sensação. Resumindo: é um bom filme, mas fica a sensação que ele poderia ter sido melhor executado.