Pieces of a Woman

Muito se fala sobre o direito de escolha, principalmente quando se está grávida. A sociedade é em esmagadora maioria antiaborto, tirando da mulher o direito de optar por não ser mãe após engravidar. Fora isso, as pessoas querem ditar como deve ser o parto, o tempo de amamentação e muitas outras coisas, tirando da mulher o direito de tomar as decisões sobre o próprio corpo. Este filme conta a história de um casal grávido que opta por ter o bebê em casa com uma parteira, acontecem complicações e o bebê morre minutos depois de ter nascido. O mote gira em torno da fase de luto desta mulher.

 

O diretor Húngaro Kornél Mundruczó (Johana) se utiliza de closes em objetos que estão em cena para ilustrar os sentimentos da protagonista. Em determinados momentos ela está sozinha em close pelos olhos de uma câmera longínqua que se aproxima lentamente mostrando que ela se sente sozinha no mundo. A bola de pilates que foi usada durante o parto sendo furada e murchando lentamente ilustra a barriga da protagonista. Além dos personagens de carne e osso temos algo importantíssimo na trama, a maçã. Para compreender na integra as inteligentes analogias escondidas no longa é preciso estar atento e ter um olhar minucioso.

A atriz Vanessa Kirby (The Crown) encarna brilhantemente o papel da protagonista sofrida, confusa, que passa pelas cinco fases do luto: negação, barganha, depressão e aceitação. Mesmo que todos a sua volta queiram que o processo seja mais acelerado, é preciso passar por cada fase em seu próprio tempo para só depois voltar a viver por completo.  Por conta disso o filme tem ritmo extremamente arrastado se tornando cansativo em alguns momentos, alcançando seu clímax e engatando nos 20 minutos finais.