Os Banshees de Inisherin

“Os Banshees de Inisherin” é um filme estranho. Com uma premissa inusitada que parece simples e boba demais, ele acaba trazendo inesperada carga dramática, sensação de desconforto, identificação com os personagens e linda fotografia. Tudo isso faz com que o filme de enredo simples, ecoe na cabeça do espectador muito tempo depois de sair do cinema.

Na trama, Pádraic (Colin Farrell) mora em uma cidade rural da Irlanda com sua irmã Siobhán (Kerry Condon). Quase opostos, Siobhán é uma mulher culta e madura que parece destoar do vilarejo. Já Pádraic, um homem simples mentalmente, vive satisfeito com seus animais, e um único amigo chamado Colm (Brendan Gleeson) com quem frequenta o bar local. Quando Colm decide que não quer mais amizade com ele, seu mundo vira de cabeça para baixo.

Contar a história deste longa do diretor e roteirista Martin McDonagh (Três anúncios para um crime) é reduzi-lo, uma vez que sua importância cinematográfica está muito mais nas atuações, trilha sonora, fotografia e simbolismos do que na trama em si. Além disso, diálogos inspirados nos tocam profundamente.

O nome da trama vem de uma canção e também de um termo idiomático, Banshee é um espírito de mau agouro que anuncia a morte. Este termo é explicado em determinada parte do enredo. Inclusive uma senhora de figura muito estranha e até assustadora parece ser a personificação viva da suposta entidade.

Quase todo mundo já teve uma amizade que se acabou do nada. Aqui são utilizados exageros e até mesmo um pouco de gore. Apesar de classificado como comédia dramática, não há muito do que se rir, uma vez que todos os personagens parecem sofridos. O termo “nonsense” vem à mente várias vezes ao longo deste filme que se destacou em indicações ao Globo de Ouro e em 8 categorias no Oscar.