Olhos Que Condenam
Olhos que Condenam é uma minissérie de 4 capítulos criada por Ava Duvernay (Selma: Uma Luta Por Igualdade) e produzida pela Netflix. Foi lançada em 2019 e lembro de ter feito um burburinho. Não a vi na época do seu hype, mas tive a oportunidade de ver agora. Antes de qualquer opinião minha, já fica a minha RECOMENDAÇÃO MÁXIMA para quem ainda não viu. Ela é cruel e muitas vezes é difícil segurar as lágrimas com tanta injustiça vista, mas é um excelente documento para o ser humano ser melhor.
Sinopse: “Cinco jovens negros do Harlem foram injustamente acusados de estuprarem uma mulher no Central Park.”
Diminuí a sinopse, pois se você não conhece a história real, como eu, tomaria um spoiler grande, e acredito que a história se torne mais poderosa e mais agoniante se não souber de todos os fatos. Dito isso, quero começar com duas linhas de diálogo que resume tudo o que vimos nessa grande obra.
” – Porque nos tratam assim?”
” – Alguma vez foi diferente?”
Essas duas linhas de frases são o suficiente para entendermos todo o drama enfrentado por esses garotos, de maioria menor de idade. Imagina você ser acusado de um crime que não cometeu somente por sua cor de pele e por estar no momento errado e na hora errada. Somando isso o fato de que a polícia não querer desvendar o crime como deveria e começar a coagir crianças somente para culpabilizar rapidamente alguém por um crime hediondo.
Tudo isso já seria o suficiente para causar uma revolta gigante e essa revolta fica ainda pior quando mesmo que claramente as provas os inocentam, ainda assim são considerados culpados pelo juri. Olha, é preciso muito sangue frio para ver essa minissérie sem ter o mínimo de comoção. Esse caso me fez ficar imaginando quantos casos por aí são iguais a esses. Quantos inocentes devem estar presos causados por uma polícia sem a preocupação de saber a verdade. Ela claramente me lembra outra produção da Netflix, Making a Murderer. Fica a dica também.
A produção é espetacular e o elenco é impressionante. Temos nomes grandes como Vera Farmiga (Invocação do Mal), Felicity Huffman (Desperate Housewives), Joshua Jackson (Dawson’s Creek), Michael Kenneth Williams (12 Anos de Escravidão), John Leguizamo (Moulin Rouge), entre outros. Apesar desses nomes, quem brilha mesmo são os protagonistas que nos passam toda a dor e empatia necessária para entendermos tudo o que estão passando. O destaque entre eles fica para Jharrel Jerome (Moonlight) que faz o papel de Korey Wise, que de longe foi o que mais sofreu com o estigma de ser um estuprador.
É uma obra dura, difícil de ver, mas extremamente essencial para todos. O preconceito e o racismo estão logo ali na sua porta e se não fizermos algo para acabar com isso mais pessoas inocentes irão sofrer. Me surpreende os responsáveis pela acusação dormirem bem a noite. Alguns ali sabiam que eles não eram culpados. Esse é o mundo cruel e injusto em que vivemos. Esse tipo de conteúdo é bom para sentirmos vergonha e nos tornarmos pessoas melhores.