O Homem do Norte
Apesar do trailer de ‘O Homem do Norte’ ser lindo, o que mais me chamou a atenção foi saber que a direção seria de Robbert Eggers. Ele, no caso, é o responsável por filmes como ‘A Bruxa’ de 2015 e por ‘O Farol’ de 2019. Dois filmes relativamente pequenos, mas que são recheados de uma atmosfera que te faz sentir o momento vivido. Duas obras que elevaram o diretor a um patamar do qual virou uma figura obrigatória nas minhas listas de filmes. Não achei esse o melhor, diria até que é o mais “fraco” de sua carreira porém, o que se espera do diretor está lá.
Sinopse: “Depois de testemunhar o assassinato do pai pelas mãos do seu tio Fjölnir, e ver sua mãe e reino tomados pelo assassino, o jovem Príncipe Amleth foge para retornar anos depois, já adulto, determinado a fazer justiça.”
A verdade é que em relação a história ele não tem nenhuma novidade. É uma história clássica de vingança. O próprio tio é responsável pela morte do pai de nosso protagonista e por sequestrar a mãe do mesmo. Motivos mais do que claros para se buscar justiça com as próprias mãos, ainda mais falando de um tempo que se passa há mais de mil anos de nossa época atual e por se tratar de vikings. A ambientação é perfeita e conseguimos nos sentir naquele ambiente aparentemente gelado e com uma vida precária própria da época.
No meu ver, essa sinopse batida é a maior fraqueza dessa obra. Não que seu desenrolar não seja bom e que seu desfecho seja satisfatório, mas com isso se perdeu uma grande chance de contar uma história maior ainda. Quando vemos nosso protagonista já em sua fase adulta, conseguimos observar como ele está selvagem e como virou uma máquina de matar. O ritual de sua nova tribo dá medo, nos faz arrepiar e nos remete a suas obras passadas. Se ele continuasse por esse caminho, tenho certeza que viríamos um épico digno de ser lembrado por muito tempo.
Ao voltar para os trilhos da vingança, tudo o que se construiu, mesmo que brevemente, se esvai. O que vemos a partir desse ponto é o que já vimos antes por aí. Não se engane achando que essas minhas palavras ditam que ele seja algo ruim. Muito pelo contrário, sua sede pelo sangue de seu algoz é boa e o que ele faz talvez o torne uma pessoa pior ainda. Tudo isso com direito a um plot twist que por mais que fosse óbvio não foi esperado por mim. Resumindo, posso dizer que ele é um bom filme que poderia ter sido épico.
O seu elenco de atores conhecidos eleva demais o crédito da obra. Mesmo que alguns tenham apenas participações rápidas, ainda assim a presença de cada um é o suficiente para permear até o final do longa. Entre eles temos Alexander Skarsgard (A Lenda de Tarzan) como nosso protagonista; Nicole Kidman (Moulin Rouge) como a mãe da Amleth; Ethan Hawke (Dia de Treinamento) como o rei e pai de Amleth; Claes Bang (Millenium: A Garota na Teia de Aranha) como o tio traidor e apesar de ser um dos nomes mais desconhecidos, consegue manter a carga dramática lá no alto; e Anya Taylor-Joy (O Gambito da Rainha) como o interessa amoroso do nosso protagonista. Além deles também temos as participações de Willem Dafoe (Projeto Flórida) e Bjork (Dançando no Escuro).
Se, como eu, for um grande fã do diretor, acho que vê-lo é uma obrigatoriedade. Ele não decepciona, mas para mim ficou com um gosto na boca que poderia ter sido muito melhor. Fui pego pelo fator expectativa e isso acabou quebrando minhas pernas. Acho que no geral é uma grande obra com uma ambientação incrível de época que vai agradar a maioria do público.