Apenas os fãs de terror nascidos antes daquela época, ou os pesquisadores mais ávidos tiveram acesso aos subversivos filmes B dos anos 70. Muitos cobertos de gore (subgênero do cinema de terror que, deliberadamente, se concentra em representações gráficas de sangue e violência), slasher ou até mesmo simplesmente puro desconforto e sexo explicito. Alguns desses longas fazem sucesso até hoje. De vez em quando, cineclubes, mostras e até mesmo especiais na internet divulgam um filme “perdido” que foi censurado naquela época e agora está disponível de alguma forma. Para assisti-los e apreciá-los é preciso ter estomago.

“O Censor” conta um pouco da história desses filmes, mostrando cenas reais e algumas fabricadas com precisão. Na trama Enid (Niamh Algar) trabalha na Inglaterra no setor de censurar filmes, assim, junto com outros membros da equipe ela decide quais cenas de filmes devem ser cortas para proteger a moral e bons costumes e os espectadores mais impressionáveis e quais filmes devem ser proibidos na integra. Em paralelo ela é atormentada por visões de sua irmã que desapareceu quando ambas eram crianças. Ambos os enredos vão se linkar de forma muito bem construída.

Em alguns momentos, nos faz lembrar clássicos B dos anos 70 como “O Homem Palha” (1973) e “As Faces da Morte (1978), assim como os giallo italianos. As indumentárias e os cenários são tão realistas que seria possível o espectador se enganar e achar que está realmente vendo um filme dos anos 70. O suspense é muito bem construído de forma a instigar curiosidade desde a primeira cena.

A trama é uma crítica a toda e qualquer forma de censura. Há quem pregue que os filmes e videogames violentos são responsáveis por instigar criminosos. O longa trata justamente disso, muita vezes o fã de filmes gore vive normalmente apenas gostando daquilo como entretenimento enquanto os hipócritas que querem bani-los muitas vezes são os verdadeiros psicopatas. “O Censor” é uma ode aos filmes gore e um ataque à censura cinematográfica que o cinéfilo tanto detesta.