O Brutalista

O Brutalista é um dos filmes mais importantes desse ano nessa época das premiações. Ganhou o Globo de Ouro como Melhor Filme de Drama e conseguiu 10 indicações ao Oscar 2025. Entre eles: Melhor Ator Coadjuvante para Guy Pearce, Melhor Trilha Sonora, Melhor Roteiro Original, Melhor Atriz Coadjuvante para Felicity Jones, Melhor Desgin de Produção, Melhor Edição, Melhor Fotografia, Melhor Ator para Adrien Brody, Melhor Direção para Brady Cobert e Melhor Filme. Apesar de ser um dos favoritos, sua campanha perdeu força ao descobrirem o uso de IA durante dois momentos do filme: um para facilitar o sotaque húngaro dos personagens e outro já no seu epílogo ao mostrar um gerador de imagens que foi feito para visualizar alguns dos desenhos criados pelo protagonista. Parece bobo, mas são coisas que acabam não sendo bem vistas. Acredito que em breve todo filme terá que informar esse uso de IA, para deixar as coisas transparentes e justas. O filme por si só é um épico que se passa em um período de 3 décadas e que merece uma paciência a mais para ser visto devido a sua longa duração de 3h36.

Sinopse: “O longa começa em 1947, quando o arquiteto visionário húngaro László Toth (Adrien Brody) e sua esposa Erzsébet (Felicity Jones) fogem da Europa devastada pela guerra em busca de um novo começo na América. Em sua jornada para reconstruir seu legado e testemunhar o surgimento da América moderna, eles se deparam com uma oportunidade que pode mudar suas vidas para sempre. O industrial rico e carismático Harrison Van Buren (Guy Pearce) oferece a László um sonho americano em bandeja de prata: a chance de projetar um grandioso monumento modernista que moldará a paisagem do país que agora chamam de lar.”

Na minha atual mania de não querer ler sinopse ou ver trailer de filmes para ter uma surpresa a mais, acabei sendo traído pela minha ignorância. Ao não saber do que se trata a palavra “brutalista” fui imerso esperando algo totalmente diferente do que acabei vendo. Para evitar que vocês caiam nesse mesmo erro, vou solucionar isso. Brutalista é um arquiteto adepto do brutalismo, que é um tipo de arquitetura que faz uso extensivo do concreto aparente. Espero ter ajudado, e com isso em mente a visão do longa fará mais sentido.

Embora possa parecer também, esse longa não é baseado em nenhuma história real. Digo isso, pois dá a entender muito que é sobre isso. Ainda mais no epílogo, que foi onde essa dúvida surgiu forte. Não foi baseado em ninguém específico, mas a experiência foi galgada em diversas pessoas do passado que vieram tentar a sorte nos Estados Unidos no período após a 2º Guerra Mundial. Como se inicia a vida depois de passar por um evento traumático em que você teve que deixar tudo o que você tinha para trás? Uma casa, sua família e sua profissão que o fazia importante. Difícil e impiedoso, pois você terá oportunidades, mas ninguém terá pena de você.

Nesse longa, a história principal demora a ser desenvolvida. Primeiro, vemos nosso protagonista chegando e se adaptando a uma América, a princípio calorosa, mas que ao menor erro vai te punir. O famoso sonho americano tarda, mas parece compensar quando os anos difíceis vão passando. Quando o personagem de Guy Pearce (Los Angeles: Cidade Proibida) aparece é que começamos a ver essa mudança de que algo bom vai surgir depois de muita perseverança. Um projeto de magnitude colossal se apresenta para László e ele vê nisso o sonho de uma carreira e de colocar o seu nome na história de alguma forma.

Por mais que nosso protagonista seja muito bom no que faz, o fato dele ser judeu pesa em muitos momentos. A impressão que dá é que eles sempre serão vistos como escória que precisa lutar para sobreviver a qualquer custo. O abuso de um patrão milionário recai sobre as costas de László e situações pesadas surgem até o ponto em que temos em seus momentos finais algo bem chocante. Adrien Brody (O Pianista) está ótimo, assim como Pearce que também parece dominar perfeitamente seu personagem. Felicity Jones (Rogue One: Uma História Star Wars) é outro destaque que cresce e mostra todo o seu empenho para defender o marido, principalmente nos momentos finais em uma cena incrível.

O Brutalista é um bom filme. A sua grande duração o transforma em um épico em que conseguimos sentir toda a sua passagem de tempo. Fico na dúvida se ele precisava desse tempo todo ou se daria para fazer algo menor e tão eficiente quanto esse resultado final. A megalomania da construção concebida no filme sai um pouco da tela e nos atinge em cheio. Durante a projeção temos um intervalo de 15 minutos que ajuda um pouco a experiência. Apesar de longo e lento, não me senti fatigado e a história me instigou a me manter ativo para o que iria acontecer em seguida.