O Astronauta
Saber que Adam Sandler vai estrelar um filme sempre me deixa com um pé atrás. Pode ser tanto uma grande maravilha quanto pode ser a pior coisa que vou ver em muito tempo. A temática de ‘O Astronauta’ me deixou interessado, ainda mais por saber que o ator não faria uma comédia daquelas que ele ama fazer. Quando o ator faz algo mais sério, sempre nos dá algo bom. Para minha frustração, esse filme está bem abaixo das minhas expectativas e posso dizer que a culpa não é do Adam Sandler (Afinado no Amor), e sim de um roteiro monótono e extremamente filosófico.
Sinopse: “Durante uma missão solitária de seis meses nos confins do sistema solar, o astronauta Jakub (Adam Sandler) se dá conta que sua esposa Lenka (Carey Mulligan) pode não estar esperando quando ele voltar à Terra. Desesperado para resolver essa situação, ele encontra consolo em uma misteriosa criatura do início dos tempos, que estava escondida em sua nave. Hanus (dublado por Paul Dano na versão em inglês) ajuda Jakub a entender o problema e tentar consertar as coisas antes que seja tarde demais.”
O longa é baseado no livro ‘Spaceman of Bohemia’ de 2017 escrito pelo tcheco Jaroslav Kalfar. Ler a sinopse do livro me mostrou que na obra literária a vida de Jakub, antes da viagem espacial, é muito mais explorada e devemos entender melhor porque nosso protagonista resolve embarcar nessa jornada aos confins do universo em uma viagem solitária e melancólica. O longa se inicia com o personagem já há 6 meses no espaço e enfrentando um estresse gigantesco devido a solidão. Para aumentar mais ainda a tensão desse momento, descobrimos que sua mulher, Lenka (Carey Mulligan), que está grávida de 8 meses, quer o divórcio. Como curiosidade digo que a atriz realmente estava grávida de 8 meses nas gravações.
Essa falta de detalhes dos momentos antes da viagem nos faz sentir um certo ranço de sua esposa, pois parece que está sendo extremamente egoísta e não pensando na vida de seu marido que está há milhares de quilômetros de distância. A chegada de Hanus, a aranha gigante, na história começa a elucidar esses porquês. Esse novo personagem que surge do nada na trama nos faz questionar se ele é real ou só imaginação de nosso protagonista.
Eu escolhi acreditar que era real, embora muito provavelmente ele seja imaginário. A mente solitária e um estado mental preocupante pode causar certos alívios como esse. O que importa é que Hanus conta um pouco sobre o universo e começa a resolver os pensamentos de Jakub. Através de conversas altamente filosóficas, nosso protagonista vai começando a entender os seus erros e a necessidade de consertá-los antes que seja tarde demais. O problema é que ele está muito longe de casa e sua esposa não quer mais falar com ele.
Se pensarmos bem, é uma história boa sobre escolhas e sobre dar atenção a pessoa que ama. O problema todo desse longa é o seu ritmo. Lento até dizer chega e usando o universo como exercício de contemplação. O fenômeno que nosso astronauta protagonista vai investigar no espaço é de uma beleza inexplicável. Imagens belíssimas que servem apenas para ilustrar um drama transcendental. O espaço sideral é perfeito para esse tipo de escolha narrativa, o problema é não saber colocar um ritmo minimamente agradável.
Li que esse filme ficou em pós-produção durante 3 anos devido à receptividade muito dividida nas exibições testes. Acredito que mesmo agora após seu lançamento, o público ainda o achará bem divisivo. Eu mesmo não gostei. Achei muito arrastado e, talvez, metafórico demais. Amo discussões que fazem pensar, mas quando não chega a lugar nenhum, sinto um pouco de frustração. Muito se é falado, mas pouco é resolvido. Vale ainda dizer que o seu final aberto não me fez tirar nenhuma conclusão plausível do destino dos personagens. Apenas Hanus, que tem um fim bem notório.