Nosferatu

O filme “Nosferatu” dirigido por F. W. Murnau em 1922, foi um dos maiores exemplares do expressionismo alemão. Baseado na obra literária “Drácula” (1897) de Bram Stoker, teve sua história, nomes e personagens levemente alterados para evitar problemas judiciais, uma vez que a viúva de Stoker era contra a adaptação da obra do marido. Em 1970 o longa, que tinha sido mudo, ganhou versão completamente autoral, falada e colorida pelas mãos de Werner Herzog. Está nova versão tão esperada do diretor e roteirista Robert Eggers (A Bruxa) mistura o filme de 1922, um pouco mais do livro de Bram Stoker e a própria inventividade de Eggers.

A escolha do elenco é extremamente interessante. A começar pela protagonista Ellen, inspirada na personagem de Stoker, Mina, brilhantemente interpretada por Lily-Rose Depp (Viajantes: Instinto e Desejo), que encarna com perfeição uma personagem atormentada e personificação do gótico, aos moldes de uma jovem Eva Green ou Helena Bonham Carter.

Já o personagem Jonathan Harker, que em todas as versões de Nosferatu recebe a alcunha de Thomas, é interpretado por Nicholas Hoult, o queridinho do momento, que em 2023 interpretou o personagem Renfield, o ajudante de Drácula em Renfield: Dando sangue pelo chefe.

E é claro que para Eggers, não poderia faltar seu ator de ouro com quem trabalhou em “O Farol” (2019), Willem Dafoe, nome quase obrigatório em um filme gótico e que curiosamente interpretou Nosferatu no longa de 2000 “A Sombra do Vampiro”, mas aqui é Albin Eberhart von Franz, uma espécie de Van Helsing.

Esta releitura é completamente diferente de tudo que já foi feito ao redor de Drácula e Nosferatu no cinema. Mais aterrorizante, mais gótico e mais brutal, o mostro é o mal encarnado nesta versão demoníaca interpretada por Bill Skarsgård (It – A Coisa) que está completamente irreconhecível.

O longa ganhou novos personagens, e ainda uma fotografia belíssima em tons frios entre o cinza e o azulado que só muda quando há a aparição do fogo, mostrando que pode haver luz em meio à escuridão. A mixagem de som é impecável, lançando mão de barulhos incômodos como gritos de horror e portas rangendo. O único defeito talvez seja uma certa barriga no meio da projeção que não precisava durar duas horas e treze minutos. ouHo