Versão americana do francês “A Família Bélier” de 2014, teve sua estreia no Festival Sundance de Cinema. Um filme leve, que poderia se passar em qualquer lugar do mundo sem estraga a história. Com músicas cativantes e atuações emocionantes, o longa promete agradar a gregos e troianos. Depois de no Oscar do ano passado termos um filme onde um músico perde a audição e precisa aprender a lidar com isso (O Som do Silêncio), este mostra a versão oposta, a única pessoa em uma família de surdos a ouvir, o peso que se carrega por isso, a sensação de exclusão e tudo que esses temas acarretam na vida de uma adolescente com talento para cantar.  “No Ritmo do Coração” é uma grata surpresa na lista de indicados ao Oscar que normalmente conta com filmes mais densos, sendo este um feel good movie

Na trama Ruby (Emilia Jones) é uma jovem de 17 que é a única pessoa em sua família que não é surda. Seus pais e o irmão mais velho são pescadores, a família é pobre, mas todos se ajudam e vivem felizes. Por Ruby ser a única a ouvir e falar é como se tivesse um super poder, mas com grandes poderes vêm grandes responsabilidades. Quando Ruby descobre seu enorme talento musical, Ruby terá que escolher entre ajudar nos negócios da família que vão de mal a pior ou seguir seus sonhos.

O filme aborda ainda as responsabilidades do irmão mais velho de Ruby, Leo (Daniel Durant). O peso que carrega por viver em uma sociedade machista onde o homem deve prover e resolver problemas, detestando aceitar ajuda.  Com certeza o mote central do enredo é mostrar que deficiência não é nenhum demérito, somos todos iguais com nossos sonhos, talentos, forças, fraquezas e o amor não vê distinção.

A diretora e roteirista Sian Heder (Orange is the new black) utilizou paleta de cores bem vasta e forte para inserir o tom de esperança, o longa se passe quase todo a luz do dia no sol. Os poucos momentos de derrota e tristeza são bem pontuados por cores mais acinzentadas e o tempo chuvoso representando a situação em que se encontram os personagens.