Minari – Em Busca da Felicidade
‘Minari, Em Busca da Felicidade’ é mais um filme que chega forte na briga pelo Oscar. Foi indicado a 6 categorias, entre elas Melhor Filme, Melhor Ator (Steven Yeun), Melhor Atriz Coadjuvante (Yuh-Jung Youn), Melhor Direção (Lee Isaac Chung), Melhor Trilha Sonora Original e Melhor Roteiro Original. Já ganhou vários prêmios na temporada e entre os mais importantes posso destacar o Grande Prêmio do Júri e Prêmio da Audiência, ambos no Festival de Sundance e também ganhou como Melhor Filme Estrangeiro no Globo de Ouro. A curiosidade sobre ele é que é um filme norte-americano apesar de ser falado em coreano por boa parte da metragem.
Sinopse: “Minari se passa nos anos 80. David (Alan S. Kim), um menino coreano-americano de sete anos de idade, que se depara com um novo ambiente e um modo de vida diferente quando seu pai, Jacob (Steven Yeun), muda sua família da costa oeste para a zona rural do Arkansas. Entediado com a nova rotina, David só começa a se adaptar com a chegada de sua vó. Enquanto isso, Jacob, decidido a criar uma fazenda em solo inexplorado, arrisca suas finanças, seu casamento e a estabilidade da família.”
O diretor Lee Isaac Chung (Munyurangabo) é filho de imigrantes coreanos e cresceu em uma pequena fazenda em Arkansas. Isso torna a obra um pouco semi biográfica, pois o filme mostra justamente isso: imigrantes tentando ganhar a vida com uma pequena fazenda no Arkansas. Acho que a semelhança acaba por aí mesmo. Minari dialoga muito sobre o sonho americano. Aquele ideal ouvido há tanto tempo. Terra da liberdade e a terra de recomeços, mas nada é simples como podemos imaginar.
A família chefiada por Jacob, vivido por Steven Yeun (The Walking Dead) ruma toda para conquistar esse sonho, mas as agruras de um negócio pode acabar sendo fatal para a união da família. Esse desejo por algo maior pode acabar com a harmonia quando talvez o mais simples seja mais feliz, mesmo que penem para isso. Tudo que pode dar errado dá para eles, mas a esperança pode vir com algo trazido de sua terra natal, algo inesperado e que ninguém pudesse imaginar.
Minari a que se refere o título é sobre uma planta aquática asiática, usada bastante como tempero. Ela pode brotar em qualquer lugar e se multiplicar rapidamente. Essa planta é trazida da Coreia do Sul por Soonja, vivida por Yuh-Jung Youn (A Dama de Baco), sogra de Jacob. Ela é plantada e esquecida por nossos olhos durante o resto do longa. Uma metáfora também pode ser usada aqui, pois é dito que a planta pode facilmente prosperar em solo estrangeiro, assim como a própria família de protagonistas. Pode ser que isso seja a solução de muitos problemas. Outro fato que precisa ser dito é que a mesma mão que causa a destruição pode ser a mesma que traz a esperança. Isso é lindo e é o grande toque ao final da projeção.
A produtora A24 não decepciona. Ela sempre dá total liberdade para os seus criadores e com Minari temos outro grande exemplo disso. Um filme simples, com uma história cotidiana, mas com uma alma gigantesca. Se olhá-lo com atenção, muito pode ser aprendido com ele. Obrigatório para quem vai acompanhar o Oscar e para os amantes de bons filmes com aquela aura intimista e sem grandes reviravoltas. Muitas vezes o simples é maior do que qualquer coisa grandiosa.