No decorrer de nossas vidas, e conforme vai passando os anos, em algum momento já pensamos em como seria dar um conselho para o você mais jovem. Esse pensamento sempre visa a evitar problemas difíceis que passamos em nossas vidas. Porém, é graças a esses erros e problemas que somos quem somos. É a famosa bagagem de vida que nos molda e que cria nosso caráter. Meu Eu Do Futuro tem essa premissa e conseguiu mexer demais comigo. Um filme altamente despretensioso, mas que tem uma mensagem bonita e poderosa para levarmos para a vida.

Sinopse: “Elliott Labrant (Maisy Stella) é uma jovem de espírito livre que está contando os dias para sair de casa. No seu aniversário de 18 anos resolve festejar com as amigas e comemora comendo alguns cogumelos. Enquanto suas amigas alucinam dançando ou somente morgando mesmo, ela se comunica com seu eu do futuro (Aubrey Plaza) com 39 anos. Sua versão mais jovem pede um conselho e como resposta recebe para ser mais amável com sua família, curtir as pequenas coisas e principalmente para não conhecer um rapaz com o nome Chad (Percy Hynes White).”

A primeira coisa interessante sobre essa sinopse é a tal viagem no tempo. O grande legal é que isso não é explicado de jeito nenhum, pois não é um ponto realmente importante. Tem que encarar como uma metáfora mesmo ou até mesmo como uma fábula onde tudo é possível. Até que ponto receber tais conselhos podem ser bons para você. Quando se trata da família e sobre as pequenas coisas é um conselho que vale muito a pena, mas vale também fugir de uma paixão só porque você sofrerá com isso no futuro? São pequenos dilemas que nos conectam com nossas próprias vidas e isso é muito bom. Incrível como um roteiro simples e sem ser muito elaborado consegue extrair ouro.

Todos temos arrependimentos. Sempre teve uma escolha que não foi acertada e só descobrimos isso com o tempo. Isso faz parte de nós, o famoso livre arbítrio que por muitas vezes nos dá uma rasteira. Outro tópico importante que ele fala é sobre o poder da despedida. Quando você sabe que vai viver algo pela última vez você consegue se despedir e viver esse momento. Quantas vezes não sabíamos disso e deixamos passar coisas que sem saber nunca faríamos de novo ou que nunca mais veríamos aquela pessoa novamente. Seja porque ela morreu ou porque a vida os separou mesmo. Parece pequeno, mas é uma reflexão grande que nos faz cair em uma melancolia severa.

Nesse longa simples, ainda falamos da descoberta da sexualidade. Elliott a princípio é uma menina que se acha certamente gay, e isso parece ser bem definido. Quando ela conhece Chad esse pensamento que era completamente certo já entra em dúvida. Isso a faz questionar se ela é hétero, bi ou até mesmo pansexual. Por coincidência (ou não) essa é a mesma orientação sexual da atriz Maisy Stela (Nashville: No Ritmo da Fama). Pode parecer bobo também, mas é um filme que ainda consegue discutir isso de uma forma simples e até divertida.

Meu Eu Do Futuro foi uma ótima surpresa e posso dizer que mexeu muito comigo. Me fez pensar que deixei de ser gentil com muita gente e, infelizmente, não posso mais voltar atrás. Também me ensinou a curtir todos os momentos como se fossem o último, e me mostrou para nunca ter medo de uma escolha, mesmo que ela seja ruim. Isso faz parte de quem somos e é isso que nos dá força para caminhar em frente. Simples e bastante profundo.