Jardim dos Desejos é um filme de 2022 que só agora está chegando aos nossos cinemas. Dirigido e roteirizado por Paul Schrader (O Contador de Cartas e Fé Corrompida), o longa participou do 79º Festival de Veneza do qual premiou Paul pela sua carreira. Merecido, ainda mais por um nome que está por aí faz tempo. O longa ainda conta com as presenças de Joel Edgerton (O Rei), Sigourney Weaver (da frnaquia Alien) e Quintessa Swindell (Adão Negro) em uma história de renovação e descobertas bem típicas da obra do diretor.

Sinopse: “Narvel Roth (Joel Edgerton) é o meticuloso horticultor dos Jardins Gracewood. Ele é tão dedicado em cuidar dos terrenos desta bela e histórica propriedade quanto em agradar sua empregadora, a rica viúva Sra. Haverhill (Sigourney Weaver). No entanto, o caos invade a existência espartana de Narvel quando a Sra. Haverhill exige que ele aceite sua problemática e conturbada sobrinha-neta Maya (Quintessa Swindell) como nova aprendiz, desvendando segredos sombrios de um passado violento enterrado que ameaçam a todos eles.“

O ritmo do filme é bem lento, mas quando ele começa com as revelações do passado de nosso protagonista essa lentidão passa a fazer sentido. Uma vida monótona, cotidiana e bem rotineira. É tudo tão banhado ao marasmo que comecei a me perguntar que tipo de história brotaria disso. O que levou esse homem a esse lugar? Como ele virou um mestre na arte de cuidar de um jardim? Todo o passado começa a despertar quando conhece Maya, ótima no que faz, mas que provavelmente está passando por dificuldades na vida que logo ele detecta.

Conforme vamos conhecendo Maya, em paralelo nos é mostrado parte da vida de Narvel através de flashbacks. Uma pessoa completamente diferente da que conhecemos agora e isso nos indaga como esses dois, no passado e presente, são a mesma pessoa. Com uma educação bem polida e ávido a fazer o que é certo vamos descobrindo do que ele é capaz ao mesmo tempo que esqueletos nos armários também são descobertos. É possível uma pessoa tão horrível se redimir de forma tão redentora?

Nesse ponto que entra o jardim em si como uma metáfora para as nossas vidas. É possível pegar um lugar completamente destruído e começá-lo do zero. Demora um pouco, mas quando menos perceber estará rodeado de flores lindas e de um jardim muito bem cuidado e próspero. Se alguém ou alguma força da natureza vier a destruir tudo, recomeçar do zero vai ser uma ação comum que não cabe desistir. Um lugar horrível pode se transformar em algo belo. É só querer, e o tempo será fundamental para isso.

Não acho que Jardim dos Desejos seja um filme de fácil assimilação popular. Sua beleza está nas nuances dos detalhes e nas metáforas que nem são tão escondidas assim. Vele destacar a interpretação do elenco principal, principalmente Joel Edgerton e Sigourney Weaver. O primeiro por carregar o protagonismo de um personagem com algumas camadas e com uma amargura guardada que vamos descobrindo aos poucos; a segunda por mostrar, mesmo sendo coadjuvante e aparecendo pouco, uma força de respeito inabalável. Sigourney Weaver estará sempre em meu coração.