Festival do Rio: Exu e o Universo

Um documentário muitas vezes tem a função de resgate de uma cultura ou história que se perdeu com o tempo. Aqui, o diretor e roteirista Thiago Zanato (Madrigal Para um Poeta Vivo) tem a importante função de desmistificar a principal entidade de uma religião que está sempre sofrendo preconceitos e ataques de intolerância religiosa. O Brasil é laico, e com liberdade religiosa garantida na constituição, mas isso não impede os diversos ataques, por isso, a importância de um filme que pode sanar a ignorância de muitos que atacam o que não conhecem.

O longa venceu o prêmio de melhor longa documentário pelo júri Première Brasil no Festival do Rio 2022. E segue com depoimentos de como a crença em exu mudou a vida das pessoas e de estudiosos sobre o assunto. Mostrando ainda as semelhanças e diferenças que a religião do povo iorubá tem com o catolicismo e a umbanda, que também possui o orixá Exu mas que não é o mesmo.

 

As filmagens são tecnicamente impecáveis e com transições extremamente artísticas entre os cortes. Aqui a intenção não é entreter e sim instruir e descontruir pensamentos errados e preconceitos. Por isso, o filme acaba sendo um pouco parado focando mais no estudo e aprendizado. Mostrando as origens clássicas da figura do Exu nas religiões africadas, falando sobre escravidão, colonização e como o racismo e a xenofobia acabam aumentando os ataques de intolerantes no Brasil para com religiões de matriz africana.

Quem mais dá depoimentos no longa é Prof. King, nigeriano que mora no Brasil desde criança, teólogo e professor, ele trabalha massivamente para mudar a erronea tradução americana do nome “Èsù” (no dialeto africano) para diabo. Mostrando como é importante o conhecimento, e desmistificação para haver entendimento e respeito. Um filme obrigatório para todos os brasileiros se reeducarem.