Festival do Rio: Canina

Nightbitch, é o mais novo filme protagonizado por Amy Adams. Ela que ficou famosa por “Encantada”, mas que brilhou em filmes densos como “Grandes Olhos”, “A Chegada”, “Trapaça” e “Animais Noturnos”, mas infelizmente nunca levou sua estatueta Oscar para casa, encontra aqui um dos papeis mais desafiadores e ousados de sua carreira. Interpretar uma mulher crua, sem maquiagem, fora dos padrões de beleza impostos pela sociedade, com pelos crescendo em lugares inusitados e um figurino nada glamouroso. “Bitch” em inglês pode ser traduzido como cadela ou megera, tornando este título dúbio perfeito para a mulher que começa a se sentir como um animal e ao mesmo tempo uma megera por reclamar de uma vida que pode parecer para muitos como perfeita.

Amy é “Mãe” assim mesmo, sem nome, tentando sobreviver criando seu filho, “Bebê” quase sem a ajuda do “Marido” interpretado por Scoot McNairy (Argo). A diretora e roteirista Marielle Heller (em seu segundo roteiro e quarta direção para o cinema) adaptou o livro homônimo de Rachel Yoder escolheu não dar nome aos seus personagens, mostrando que muitas vezes perdemos o contato com nosso eu interior, nossa identidade, nos tornando apenas esses cargos pelos quais somos vistos pela sociedade.

O ousado projeto é extremamente sensível, mostrando como se sente uma mulher que abandonou sua carreira, diversão e anseios em prol da maternidade e como a sociedade julga essas mulheres, fazendo com que se sintam culpadas por não se sentirem extremamente satisfeitas em apenas ser mães. Tudo isso envolto na metáfora de que a personagem de Amy está virando um cachorro.

 

Envolta em flashbacks da vida da própria mãe, imaginando reações que nunca teve e interações animais, “Mãe” vai procurando seu lugar no mundo enquanto tenta entrar em contato com seu lado animal, mais primitivo e selvagem. Este longa é a cara do Festival de Cannes.

Além das várias lições que o filme traz de forma inteligente, vem a ideia de conexão feminina, a mãe que parece perfeita, na verdade tem falhas, medos e inseguranças, muitas vezes a melhor forma de sobreviver é apenas compartilhar. Nossa protagonista é artista plástica, o que combina perfeitamente com a fotografia do filme que muitas vezes parece um quadro com suas cores saturadas.

 

 

Programação:

Quarta, 09/10    21:45     Cine Odeon – CCLSR

Sábado, 12/10   20:45     Estação NET Gávea 3

Domingo, 13/10 14:00 Cinesystem Praia de Botafogo 1