Alguns de vocês já devem ter ouvido falar no Movimento Me Too que se popularizou em meados de 2017. Se nunca ouviu, explicarei brevemente. Ele foi criado em forma de hashtag e buscava mostrar o grande número de mulheres que sofreram agressões sexuais e assédio. Tudo isso começou graças a uma reportagem investigativa das repórteres Megan Twohey e Jodi Kantor que ao investigarem o produtor de Hollywood, Harvey Weinstein, descobriram o quanto o sistema protegia os agressores sexuais. Desde então mudanças na lei foram feitas para proteger as vítimas de tais predadores.

Sinopse: “Carey Mulligan, atriz nomeada para dois Oscar® da Academia e Zoe Kazan são as jornalistas Megan Twohey e Jodi Kantor do New York Times, que descobriram uma das mais importantes histórias de uma geração – uma história que ajudou a divulgar o movimento #MeToo, estilhaçando décadas de silêncio à volta do tema do assédio sexual em Hollywood e alterou a cultura americana para sempre. O filme é baseado no bestseller do New York Times “Ela Disse: Os bastidores da reportagem que impulsionou o #MeToo”.”

‘Ela Disse’ segue a mesma energia de filmes como o vencedor do Oscar ‘Spotlight: Segredos Revelados’ de 2015 edo indicado a Melhor Filme do Oscar‘The Post – A Guerra Secreta’ de 2017. Eles pegam notícias reais de jornais famosos e passam para a mídia do cinema. Esse artifício é muito bom pois é criado um thriller investigativo que nos faz querer saber o que acontece. Por mais que soubesse como seria o seu final, por ter vivido essa época, é empolgante ver como tais jornalistas conseguiram esse furo de reportagem e como conseguiram mudar o sistema graças a reportagem que elas escreveram. A reportagem foi tão importante que acabou ganhando um Prêmio Pulitzer que premia a excelência no jornalismo, literatura e composição musical.

O longa segue quase com um tom documental investigativo. A cada pista que elas vão investigar acabam puxando uma linha que revela muito mais coisas do que o imaginado. E ao ir fundo nesse submundo nos deparamos até mesmo com atrizes famosas que foram vítimas de Weistein. Entre elas Rose McGowan (Planeta Terror), Gwyneth Paltrow (Homem de Ferro) e Ashley Judd (Fogo Contra Fogo). Essa última, aparece aqui como ela mesmo e como uma das fontes usadas pelo jornal The New York Times. Além delas, outras dezenas de funcionárias e atrizes debutantes passaram por essa humilhação. Até um áudio real é transposto em tela e sentir nojo ao escutar causa ojeriza na hora.

Por falar nisso, é preciso colocar um aviso de gatilho nesse filme para as mulheres. É uma boa história, nos deixa grudado em tela, mas pode afetar a mulher de um jeito que ela não espera. Se eu, que sou homem, me senti enojado com os relatos, imagina a mulher que já passou por algo parecido. Por isso mesmo ele também deveria ganhar um cunho popular para que todos vissem. Entender que não é porque alguém é homem e rico que deve fazer o que quiser.

‘Ela Disse’ é um pouco longo possuindo um total de 129 minutos (2h 09min). Apesar dele ter um ritmo bom, pode vir a cansar um pouco o espectador. A edição com muitos cortes de um lugar para o outro faz parecer que ele ainda é bem maior do que é. Entenda que edição não prejudica o andamento dele, mas pode cansar com muitas idas e vindas. De resto posso dizer que é um bom filme investigativo e com um final que agrada quem gosta de uma boa justiça. Fica somente o aviso de gatilhos.