Diários de um Robô-Assassino é uma série de ficção científica da Apple TV+ baseada nos aclamados livros de Martha Wells. A série estreou em maio de 2025 e teve seu final de temporada no início de julho de 2025, tendo já uma 2ª temporada confirmada pela frente. Ela é leve, com bastante comédia irônica oriunda de nosso personagem principal, mas possui temas relevantes como livre-arbítrio, humanidade, solidão, crítica corporativa e até ansiedade social. É bem diferente do que eu poderia esperar e, com seus episódios curtos semanais, tem um pouco de tudo para quem é fã do gênero.

Sinopse: “Em um futuro onde megacorporações dominam o espaço, a série apresenta um ciborgue de segurança auto-hackeado conhecido como Murderbot (Alexander Skarsgard). Contra todas as probabilidades, este robô altamente funcional deseja apenas uma coisa: maratonar suas séries de televisão favoritas em paz, evitando ao máximo o contato humano. No entanto, o destino, e seu contrato de segurança, continuam a arrastá-lo para missões perigosas, forçando-o a proteger humanos que ele preferia ignorar. Entre explosões, mistérios corporativos e a constante necessidade de esconder sua recém-descoberta autonomia, Murderbot se vê em situações que o fazem questionar sua própria natureza e o que realmente significa ser livre.”

Confesso que não conhecia essa obra e, por isso, tamanha foi minha surpresa ao descobrir que os livros em que essa série é baseada são altamente premiados, tendo ganho já alguns Hugo Awards, premiação prestigiada dos gêneros de ficção científica e fantasia. Essa 1ª temporada é baseada no livro All Systems Red e já vi em muitos lugares dizendo que ele é bem fiel à obra original. Não posso afirmar porque nunca li, mas acabei acreditando e aceitando esse fato. Por ser uma série com um tom de comédia bem latente, os episódios possuem uma duração curta e isso a deixa mais concisa, ágil e envolvente. Embora a série possua muitas idas e vindas no roteiro, mesmo com esse curto período episódico.

Alexander Skarsgard (Sucession) interpreta o nosso robô protagonista. Pode parecer um comentário dúbio, mas ele está bem robótico nessa série. Para alguns, isso soará como uma má interpretação, mas eu digo o contrário. Fazer o que ele faz aqui deve ser extremamente difícil. Ele não pode deixar saberem que ele é um robô autônomo, e isso nos dá as melhores pérolas da série inteira. Os seus pensamentos sarcásticos contrastando com o que ele fala de fato para seus clientes é puro ouro. Em certos momentos, é possível ver o desespero do personagem por estar altamente constrangido, aumentado por sua ansiedade social de lidar com humanos com os quais ele não se importa muito, mas tem que fingir que sim.

É possível até mesmo fazer um paralelo desse jeito dele com uma certa representação de neurodiversidade. Ele possui uma grande aversão a contatos visuais e deseja sempre estar sozinho para maratonar suas novelas preferidas. Depois de qualquer contato social, ele prefere se isolar. Não sei se a metáfora é intencional, mas é possível fazer essa conexão. Apesar de a série ter me cansado um pouco lá pelo meio, por ter muitas idas e vindas sem parecer sair do lugar, o seu final é bom, bonito e vemos como esse personagem é incrível. Sua decisão final é humana e condiz demais com tudo o que o personagem desenvolveu até aquele momento. Posso dizer que foi uma jornada que valeu a pena.

Diários de um Robô-Assassino começa muito bem, dá uma amornada lá pelo meio e seu final é bastante satisfatório. Sua premissa é ótima e possui um protagonista bem diferente do que poderíamos imaginar. Com uma mistura de humor cínico, ação e reflexões profundas sobre livre-arbítrio e natureza humana, temos uma série interessante que merece, minimamente, uma conferida. Acredito que fará os fãs do livro felizes e a porta também está aberta para quem busca uma história que possui um coração, por mais que isso pareça longe no início.