Depois de Horas (1985)
Comédia de costumes é um recurso que surgiu na França no século XVIII com intuito de fazer sátira com hábitos de uma sociedade. Um recurso simples e muito usado em várias comédias, principalmente no escapismo cinematográfico dos anos 80, porém, nas mãos do genial Martin Scorsese (Taxi Driver) não tem nada de simples. “Depois de Horas” narra as desventuras de Paul (Griffin Dunne). Com a premissa básica de um homem que conhece uma mulher bonita em um café de Nova York, trocam telefones e combinam de se encontrar. Só que literalmente tudo que pode dar errado dá. Assim Paul fica preso no Soho em uma noite que parece interminável. Assim como Dorothy em “O Mágico de Oz” ele só quer ir para casa. Ao encontrar figuras cada vez mais esdruxulas em seu caminho, o simples retorno parece impossível.
Dar detalhes da trama seria estragar as surpresas de roer as unhas nessa comédia que mistura o nonsense dos personagens com fatos cotidianos que poderiam muito bem acontecer a qualquer um com falta de sorte. A narrativa é conduzida de forma a não dar ao espectador um único segundo de alívio ou respiro. Na beira do ascendo somos levados à momentos de tensão um atras do outro e quando parece que haverá uma solução aparece mais um absurdo obstáculo.
Além de tudo, traz uma trama que faz piada com o controverso estilo de vida no Soho americano, repleto de artistas, boêmios e violência. Há também uma lição, você é responsável pelo que causa às pessoas.
O elenco é repleto de joias que se popularizaram muito nos anos 80/90, como os atores que interpretaram os pais de Kevin McCalliester em “Esqueceram de Mim”, John Heard e Catherine O´Hara. Este raro exemplar onde Scorsese entrega um filme que dura menos de duas horas, faz rir e sofrer dos infortúnios vividos por nosso protagonista.