Borat: Fita de Cinema Seguinte
Após 14 anos do lançamento do primeiro filme, enfim temos uma continuação. Por um momento podemos até nos perguntar se era preciso ter uma continuação. Ao final do longa, a resposta é sim. Não que a história do próprio Borat tenha lá uma grande importância, mas sim pelo fato da narrativa ácida e vexatória abordada ser de suma importância nos dias atuais. Quem melhor do que esse personagem para esfregar nas nossas caras bizarrices que acontecem no mundo, ainda mais nos Estados Unidos (e no Brasil também).
Sinopse: “O segundo repórter mais famoso do Cazaquistão quer fazer as pazes com o seu país natal. Para isso, ele é designado a uma nova missão na América do Norte, tendo como objetivo entregar um presente para o Vice-Presidente Mike Pence e estreitar o relacionamento entre as duas nações.”
Se você é daqueles que se sente mal com vergonha alheia, passe longe dele, pois o filme é praticamente feito disso. Perdi as contas de quantas vezes quis me esconder o vendo. Coisas tão surreais que fiquei me perguntando se as coisas acontecidas ali mesmo eram ou não reais. Após fazer uma pesquisa rápida, a resposta é que tudo o que vemos na tela é real. Lógico que temos um roteiro básico, mas quando ele interage com as pessoas, é real.
Dito isso, cenas como as que ele se veste como um membro da Klu Klux Klan e logo depois se veste de Donald Trump com uma mulher nos ombros no comício do Vice-Presidente Mike Pence se tornam memoráveis. O destaque maior vai para o clímax do longa quando acontece a entrevista com Rudy Giuliani, aliado de Trump e ex prefeito de Nova York que terminou até em caso de polícia na vida real. As coisas que acontecem nesse momento são bem estranhas e não sabemos o que aconteceria se deixassem a câmera rolando.
Entre as melhores esquetes estão cenas como ele cantando músicas sobre Obama e o vírus chinês em uma convenção de pessoas conservadoras; a apresentação da filha para o mundo em uma festa de debutantes, mostrando que ela já pode menstruar; o convívio na casa de conspiracionistas ouvindo e dizendo coisas surreais; falar com um pastor dizendo para tirar o bebê de dentro da filha (só vendo para entender); e a ida a uma sinagoga buscando respostas se o Holocausto existiu mesmo ou não.
Sacha Baron Cohen é um excelente (e maluco) ator. Sei que seu tipo de humor não é uma unanimidade mas não se pode duvidar de sua genialidade. Caso não saiba, ele também é um ótimo ator dramático, realizando ótimas interpretações em filmes como Os Miseráveis(2012), Sweeny Todd(2007) e o novíssimo Os 7 de Chicago(2020), que desde já, aposto uma vaga no Oscar por sua interpretação nesse filme. Ele não é o único que brilha e a atriz Maria Bakalova quase rouba a cena fazendo sua filha. Ela é tão ou mais maluca que o próprio Borat e nos traz excelentes momentos.
O curioso é que claramente o filme começou a ser gravado antes da pandemia e foi terminado durante a pandemia. O roteiro deve ter mudado nesse tempo, mas acredito que isso tenha dado até mais vida a ele. Dito tudo isso, fica a minha dica para ver, mas veja sabendo o que será visto. Dependendo do seu tipo de humor, pode ser a melhor coisa do mundo ou a pior coisa já feita. Independente do humor, o que vale mais é a crítica ao nosso mundo atual.