Boa Sorte, Leo Grande

Nancy Stokes é uma viúva de meia-idade que contrata um jovem gigolô chamado Leo Grande para saber como é fazer sexo de verdade. Essa é a premissa inicial do longa “Boa Sorte, Leo Grande”, da diretora australiana Sophie Hyde. O que seria só uma simples encontro casual, se transforma em uma conversa profunda entre os dois protagonistas, interpretados brilhantemente por Emma Thompson e Daryl McCormack.

 

O filme é separado em quatro partes ou, como eles chamam, quatro encontros. Gravados em ordem, é possível ver o relacionamento entre os atores e seus personagens progredindo gradativamente durante as cenas. Nos primeiros trinta minutos, Nancy fala muito sobre sua vida, seus filhos, seu trabalho, porque ela contratou Leo e das experiências sexuais com seu falecido marido. Tudo por estar nervosa e receosa com a situação em que se encontra.

Uma professora de ensino religioso contratando um gigolô é algo completamente inimaginável para a grande parte da população mundial, mas como é dito algumas vezes no longa, todos tem desejos, fantasias e vontades. Quando Leo consegue fazer Nancy relaxar, eles vão para a cama onde consumam o ato, mas claro que só depois de muita conversa.

Escondidos dentro de uma história que a princípio parece ser engraçada, a solidão, preconceito e julgamento são peças chaves para entender a dinâmica dos personagens. Nancy sempre fez tudo certo na vida, tem listas para tudo (até para o que quer fazer na cama durante o segundo encontro) e seu casamento não foi dos melhores. Já Leo, que no começo tenta desviar das perguntas pessoais, tem problemas com a mãe que o deserdou e não fala muito com o irmão mais novo que não sabe o que o rapaz faz de verdade para ganhar dinheiro. Com medo de ser julgado por alguém que ama, ele prefere mentir do que revelar que é um profissional do sexo.

O importante de “Boa Sorte, Leo Grande” é o quanto Nancy e Leo se ajudam na questão pessoal. Ela era uma mulher que não gostava do próprio corpo, tinha vergonha de falar e pensar coisas sexuais e tinha medo do que os outros pensavam dela. Já ele não se abria para as pessoas que gostava, criando a fachada do gigolô Leo Grande. No final, Nancy consegue quebrar as barreiras que criou em sua mente desde quando era adolescente, se transformando em uma mulher que gosta de si e que se sente poderosa. Já Leo consegue resolver várias questões pessoais e familiares.

“Boa Sorte, Leo Grande” é um filme que faz você pensar sobre como vive a sua vida. Você pensa em tudo, não gosta de falar o que sente para os outros, tem medo de ser julgado? Ou deixa a vida seguir o caminho que quiser sendo leve como uma brisa de primavera?