Biônicos

A Netflix adora um filme futurista. Acredito que seja um dos maiores resultados de seus algoritmos que geram histórias que agradam um certo público, mas que sempre traz algo genérico e sem alma à tela. O Brasil ainda não tinha uma obra assim, até agora. Biônicos é o escolhido para mostrar um mundo distópico onde as pessoas amputadas é que são os grandes astros do esporte. Até aí tudo bem né, o problema é a história que se cria por trás disso tudo.

Sinopse: “O ano é 2035, onde um mundo dominado pela tecnologia é o pano de fundo para um thriller distópico, no qual duas irmãs se encontram envolvidas em uma disputa intensa no salto em distância. Maria (Jessica Córes), uma das irmãs, alimenta o sonho de competir contra sua irmã, mas para alcançar esse objetivo, ela se vê obrigada a adentrar um mundo permeado por crime e violência. Enquanto o progresso da robótica eleva os atletas paraolímpicos ao status de estrelas do esporte, Maria enfrenta escolhas difíceis que testarão seus limites e valores em uma busca desesperada pela realização de seus sonhos.”

Começando de uma forma bem direta já prefiro soltar que não gostei desse filme. As razões disso darei nos próximos parágrafos. Nesse aqui, focarei na parte boa (se é que existe). Brincadeiras a parte, vamos lá. A direção de Afonso Poyart (2 Coelhos) não é ruim, ele cria cenas bem boas até. São poucas cenas de ação, mas achei todas elas bem decentes e que elevam um pouco a média dessa obra. Os outros pontos positivos são os atores que também estão longe de ser ruins. Facilmente consigo destacar Jéssica Córes (Cidade Invisível), Gabz (Um Ano Inesquecível: Outono) e Bruno Gagliasso (Marighella). É isso que posso destacar de bom, agora vamos a pior parte.

A história é muito ruim. Não deu para comprar esse enredo completamente. É criado algo tão grandioso que parece não condizer nem um pouco com essa possível realidade. A nossa protagonista é frustrada porque ela não perdeu nenhum membro do corpo e no tempo em que se passa esse futuro, somente os amputados que possuem dispositivos biônicos é que fazem sucesso. Isso se passa em 2035, somente daqui a 11 anos de nossa realidade. Sei que a evolução está rápida, mas é impossível enxergar esse panorama em tão pouco tempo assim.

Em contraponto a essa tecnologia, existe a galera que é pró atleta que não possui nenhuma amputação. Esses caras viram praticamente terroristas da causa. O personagem de Christian Malheiros (7 Prisioneiros), o Gus, entra para esse grupo com tanta veemência como se fosse morrer em alguma guerra santa. Acho ele um ótimo ator, mas aqui, extrapolou o nível da vontade. Entrou em cheio em um projeto que era menos do que ele poderia oferecer. Ele tem a vontade, mas soou exagerado pela causa que poderia ser resolvida em um tribunal e não em ataques “terroristas”.

Simplesmente não consegui comprar a ideia desse filme e muito menos o seu desenrolar. Temos uma falas bobas e completamente desnecessárias, além de coisas sem sentido. Mas nada, nada supera a cena final de Biônicos. Se ele se leva a sério até aqui, nessa sequência final o escrachado chega da pior forma possível e tenho certeza que essa não era a intenção. Fui obrigado a soltar uma gargalhada alta e natural de tão ruim que ela é. Desculpa, não deu. Isso coroa tudo o que eu já não estava gostando no filme inteiro.