As Ondas
As Ondas foi um filme que passou totalmente despercebido por terras brasileiras. Filme de 2019 feito de forma independente e que tem como produtora a A24. Acredito que nem tenha saído em nossos cinemas, tendo ido direto para o serviço de streaming. A produtora citada é conhecida por filmes como Hereditário (2018), Midsommar: O Mal Não Espera a Noite (2019), O Farol (2019), Joias Brutas (2019), Moonlight: Sob A Luz do Luar (2016), entre outros. São filmes pequenos, com pouco dinheiro mas com histórias incríveis. “Waves” (título original) não foge a essa regra e com uma história bem simples consegue nos entregar um drama da melhor qualidade.
Sinopse: “As Ondas acompanha uma família do subúrbio da Flórida que precisa lidar com os altos e baixos de uma trágica perda que os afeta profundamente. Com suas vidas tragicamente mudadas, as dinâmicas de suas histórias navegará por sentimentos como perdão, amor e união.”
Vou resgatar uma máxima que diz: “basta um dia para enlouquecer uma pessoa”. Com essa frase eu resumo um pouco da primeira parte desse longa. Uma sucessão de coisas erradas nos leva a um momento trágico que vai mudar a vida de todos os elementos da mesma família. Muitas coisas que se sucedem são frutos de pressão dos pais, pressão da sociedade e a própria pressão que se coloca em si mesmo. Tudo isso pode determinar acontecimentos sem volta em sua vida, caso não esteja bem mentalmente.
A culpa é um sentimento que permeia todo o longa. Todos tem seus motivos para se sentirem assim, mas até que ponto a culpa é sua ou do outro? Essa pra mim é a maior discussão que esse filme traz. Após alguns acontecimentos, ficamos nos perguntando se fizemos o possível para ajudar os outros ou se poderíamos fazer mais. Até que ponto podemos cobrar o outro e ser propriamente cobrado por algo estar correto? O sentimento logo após a culpa é o perdão. Estamos dispostos a nos perdoar e a perdoar o próximo pela dor causada no cerne de quem nós somos?
Um drama pesado, comovente e todo pautado sobre essas discussões. O conceituado diretor e roteirista Trey Edward Shults (Ao Cair da Noite) nos revela tudo isso de uma forma bem natural e em alguns momentos até cruel. O seu ponto alto definitivamente é a direção de atores, onde consegue extrair as mais fortes emoções a ponto de nos deixar completamente comovidos. O destaque nas atuações vai para Sterling K. Brown(This Is Us), o patriarca da família e para Taylor Russell (Escape Room) a filha mais nova. Em uma determinada cena juntos, os dois dão um show de interpretação e é de rasgar o coração. Tal cena é coroada no trailer do longa.
Um ótimo filme independente para ser visto. Ele tem toda a cara daqueles longas que só são vistos em festivais e que somos completamente recompensados por não sabermos muita coisa sobre ele. Recomendo demais paras os amantes desse gênero. Caso for ver, veja também com a cabeça boa, pois ele pode te deixar um pouco pra baixo. Mesmo que ao final temos uma vislumbre de esperança e que as coisas sempre tendem a ser melhor depois de um tempo.