Army of the Dead: Invasão em Las Vegas
Army of the Dead: Invasão em Las Vegas nos traz Zack Snyder de volta ao gênero que e o consagrou com Madrugada dos Mortos em 2004. Muita coisa aconteceu desde então e o diretor já foi chamado de gênio e também já foi chamado de pior cineasta da atualidade. Exageros a parte, temos que dizer que ele é um diretor que possui certas genialidades sim e que também comete erros grosseiros. Essa gangorra é nítida em toda a sua carreira, e não poderia ser diferente com a sua nova obra. Ela também possui exatamente essas características citadas por mim. O resultado é um filme divertido, mas que tem personagens bons, mas que são mal aproveitados e com algumas inverossimilhanças que incomodam aos mais atentos.
Sinopse: “Ambientado em um mundo pós-apocalíptico, Army of the Dead acompanha a história de Scott Ward (Dave Bautista), um desabrigado e ex-herói de guerra que agora vende hambúrgueres nos arredores de Las Vegas. Tudo muda na vida de Scott quando Bly Tanaka (Hiroyuki Sanada), um magnata dos cassinos, oferece uma proposta tentadora: invadir Vegas, que está cheia de zumbis, para roubar 200 milhões de dólares de um cofre antes que a cidade seja bombardeada em 32 horas pelo governo. Motivado pela esperança de que a recompensa possa ajudar na reconciliação com sua filha, Kate (Ella Purnell), ele assume o desafio e monta uma equipe de especialistas para o grande roubo.”
O longa possui longínquos 148 minutos (2h 24m), dos quais os seus 60 minutos iniciais servem para colocar as peças no tabuleiro. Bastante tempo para desenvolver os personagens que sabemos que vão morrer ao longo da projeção. O resultado é que quando isso acontece, você não se importa realmente. As mortes acabam sendo vazias e muitas vezes sem servir a qualquer propósito. Já tem um tempo que venho reclamando disso por aqui. A falta de desenvolvimento de personagens em filmes desse gênero prejudica sempre o resultado final.
O roteiro também possui umas falhas surreais, mas acredito que só os mais atentos ligarão para isso. Ele cria algumas situações tão impossíveis que a resolução acaba sendo ridícula, digna de você balançar a cabeça de forma negativa. Só não comento os exatos momentos aqui, pois eles teriam que vir juntos de spoilers e não quero estragar qualquer tipo de surpresa. O cliché do gênero prejudica um pouco, principalmente por sempre ter um empregado corporativista e aquele personagem “indefeso” que faz sempre alguns membros do grupo morrerem por causa dele. A criação de um antagonista no início que aparece no final é simplesmente um grande corte no clímax, pois poderia ter saído algo melhor dali.
Agora vamos a parte boa, aquela parte em que Zack Snyder sabe fazer lindamente a ponto de você querer bater palmas. A sua fotografia é sempre linda e não tem como não babar em certas cenas específicas. A forma como ele usa a câmera lenta é sempre muito legal, mesmo que tenham pessoas por aí que criticam o excesso delas em suas obras. As cenas de ação também são ótimas, mesmo notando alguns efeitos de CGIs bem preguiçosos pelos cantos.
A sua abertura conta uma pequena história fazendo com que pensemos que perdemos algum filme antes desse. Por algumas frações de segundo eu fiquei pensando que nunca soube de alguma história anterior a essa, até notar que foi apenas um excelente prólogo. Em 5 minutos ele consegue resumir e fazer um ótimo apanhado do que aconteceu em Las Vegas. Ele já havia feito isso na abertura de Watchmen (2009), e novamente soou genial. Isso só me fez querer muito que realmente tivesse tido um longa anterior.
Achei um filme bem divertido, mas que também possui muitos erros. Aquela pessoa que não se ligar tanto nesses detalhes irá se divertir bastante. Afinal, essa é a ideia, 2 horas de ação para esquecermos do mundo e ver pessoas matando zumbis. Nem de perto é a melhor obra do diretor, e nem a pior, fica bem ali no meio de tudo o que ele já realizou. Fico torcendo para ter uma continuação, pois tivemos algumas aberturas para que isso se concretize. Poderia pelo menos fazer o tal filme que pensei que existia. Acho que também seria interessante, mesmo que já soubéssemos o resultado final.
A título de curiosidade a atriz Tig Notaro (De Repente Uma Família) entrou no filme mesmo depois de ter sido todo filmado. Isso aconteceu porque o ator Chris D’Elia foi acusado de assédio sexual, perseguição de menores e até pedofilia. Devido a isso tudo, todas as cenas em que ele estava presente tiveram que ser regravadas e isso custou alguns milhões a mais para a produção. Particularmente, achei que foi um dinheiro que foi gasto justamente. Se for procurar é capaz de achar algumas fotos da produção com ele.
Outra curiosidade é que um spinoff já está em fases finais de produção. Ele se chamará Army of Thieves e foi atuado e dirigido por Matthias Schweighöfer, o Dieter, o especialista em abrir cofres.
Army of the Dead: Invasão em Las Vegas se encontra no catálogo da Netflix.