Aqui
Aqui é um filme bastante curioso e original de Robert Zemeckis. Ele marca uma nova reunião de vários artistas que trabalharam em Forrest Gump (1994). Além de Zemeckis na direção, temos Tom Hanks e Robin Wright atuando, o roteirista Eric Roth, o diretor de fotografia Don Burgess, o compositor Alan Silvestri, o designer de som Randy Thom e a figurinista Joanna Johnston. Um dream team escolhido para criar vida a essa história com um único ponto de vista de várias épocas diferentes, desde o tempo dos dinossauros até os dias de hoje.
Sinopse: “Ambientado em um único lugar, ’Aqui’ acompanha diversas famílias ao longo de gerações, todas conectadas por este espaço que um dia chamaram de lar. Estrelado por Tom Hanks e Robin Wright, é uma emocionante jornada de amor, perdas, risos e memórias, que nos transporta desde o passado mais distante até um futuro próximo. Uma viagem pela linha do tempo da humanidade, contada de forma emocionante e surpreendente, onde tudo acontece em um único lugar: Aqui.”
A história de Aqui é oriunda de uma graphic novel de mesmo nome criada por Richard McGuire lançada em 2014. Antes disso, foi lançada como uma tirinha de uma revista em quadrinhos em 1989. De fato, consigo visualizar plenamente como uma história em quadrinhos e faz sentido. A mudança de mídia é bastante audaciosa. Uma coisa posso afirmar sem medo, ninguém nunca viu um filme como esse, e na minha humilde opinião, esse único ponto de vista é o grande mérito dele.
A originalidade do ponto de vista de uma única câmera estática em cena certamente ganha muitos pontos, mas não tenho certeza se só isso é o bastante para deixar o espectador vidrado de frente para a tela. Digo isso, pois temos inúmeros personagens que entram e saem de cena em questão de segundos muitas vezes. A história não é contínua e ela alterna entre diferentes épocas do tempo. Sem linearidade alguma e muitas vezes sem uma ligação entre tudo. Acompanhamos o vazio, os índios, os colonialistas e famílias que começaram a habitar essa casa construída no ano de 1900.
O trabalho de edição é um grande destaque dessa obra. Não acho que montá-lo tenha sido fácil. As mudanças graduais de quadros criados em tela de um momento para outro tendo o pano de fundo um outro acontecimento simultâneo no mesmo lugar é bem interessante. Tudo isso é bonito tecnicamente, a ponto de fazer um especialista do assunto ficar muito feliz com o que está vendo, mas a história é boa? Digo que esse é o ponto fraco.
Esperei por momentos emocionantes, que até existem, mas me senti completamente apático com tudo o que via em tela. Não consegui criar nenhum vínculo emocional com ninguém para chegar nesse ponto. Penso também que se tivéssemos apenas um foco, talvez não fosse tão interessante assim também. O que me ocorre que talvez esse tipo de leitura e passagem faça funcionar somente nos quadrinhos. O que chegamos mais perto disso é com a família do Tom Hanks que é o que tem maior tempo de tela. O seu final até pode mexer um pouco, ainda mais porque é o único momento de toda projeção em que a câmera possui um movimento.
Aqui é um filme diferente de tudo o que já vimos. Estamos diante de algo inédito, pelo menos nunca vi isso antes em uma telona. Por isso, ganha várias medalhas de mérito. Como uma história em si, acho que deixa a desejar em vários aspectos. Principalmente quando falamos de vínculos emocionais, que é o que mais faltou para mim. Dizer que ele é mediano não chega a ser um demérito, pois a tentativa de originalidade fala bem alto comigo.