Ad Astra – Rumo às Estrelas
Definitivamente, este é o ano de Brad Pitt. Depois de roubar a cena em “Era Uma Vez em Hollywood” de Quentin Tarantino, volta às telas em “Ad Astra” com uma brilhante interpretação que mostra profundidade, fazendo lembrar um pouco o controverso “Árvore da Vida” de Terrence Malick. Quem espera encontrar uma ficção científica estrelada pelo astro errou feio. Apesar de ter potencial para Blockbuster, é um filme sobre enfrentar seus fantasmas, superar traumas que nos atrapalham de seguir em frente. Sobre como as atitudes de nossos pais nos afetam, dentre muitos outros temas importantes. O intuito do diretor James Gray, como sempre, é nos fazer pensar.
Sinopse: “Um homem viaja pelo interior de um sistema solar sem lei para encontrar seu pai desaparecido – um cientista renegado que representa uma ameaça à humanidade.”
Aqui a nave espacial é o que menos importa. Ela apenas é colocada em cena para termos ideia da dimensão de uma pessoa dentro de um universo tão vasto. A ideia é mostrar a premissa de que o homem nasce sozinho e morre sozinho. Tirando isso, a profissão de astronauta e se passar quase todo no espaço, poderia ser substituída por qualquer outra profissão, em qualquer outro lugar que não afetaria em nada a importância e profundidade da história narrada.
Roy (Brad Pitt) é obcecado pelo pai.Não só acabou seguindo sua profissão, como não consegue se conectar a esposa e ao mundo, seu pai também só que de formas e por motivos diferentes. Seu pai não está ali conectado, próximo, pois não está na Terra. Na psicologia, diz-se que o melancólico é um obcecado, para se libertar é preciso “matar”, deixar ir, seu objeto de obsessão. O filme é basicamente sobre isso, a necessidade de Roy de deixar o pai ir de vez para que assim possa seguir em frente e ter uma vida normal.
Temos logo na primeira cena uma gritante referência ao consagrado “2001: Uma Odisseia no Espaço” de Stanley Kubrick. Depois disso, nos deparamos com a belíssima fotografia de Hoyte van Hoytema (Dunkirk e Interestelar) de uma nave no espaço. O contraste entre cores frias e quentes é que dão tamanhã bossa ao frame. Realmente lindo!
Bônus, há pouco tempo, nem existiam astronautas mulheres, hoje são poucas, mas no longa que se passa em um futuro próximo, elas são muitas e as patentes mais altas pertencem à elas. Parabéns James Gray pela pequena iniciativa.