A Voz Suprema do Blues
O filme é baseado na peça ‘My Rainey’s Black Bottom’ escrita pelo dramaturgo estadunidense August Wilson. Ele também é responsável por ‘Fences’ que teve uma adaptação nos cinemas com o nome aqui no Brasil de ‘Um Limite Entre Nós’ de 2016. Esse filme deu o Oscar para Viola Davis e também era protagonizado por Denzel Washington, que não por coincidência é o produtor de ‘A Voz Suprema do Blues’. Ele também marca a última atuação de Chadwick Boseman que veio a falecer em agosto de 2020.
Sinopse: “A Voz Suprema do Blues Voz acompanha Ma Rainey (Viola Davis) em Chicago, 1927, numa sessão de gravação de álbum mergulhada em tensão entre seu ambicioso trompista Levee (Chadwick Boseman) e a gerência branca que está determinada a controlar a incontrolável “Mother of the Blues”.Porém, uma conversa no local revela verdades que irão abalar a vida de todos.”
Sabendo que ele é baseado em uma peça já pode esperar que o filme possui poucos ambientes. É um filme que engradece os diálogos e com isso os atores ganham totalmente o holofote em cima deles. Sem desmerecer o resto da produção, que por sinal é excelente, mas quem brilha no final são os atores. Para isso a escolha do elenco tinha que ser certeira e realmente foi. Todo o elenco é bom, mas Viola Davis e Chadwick Boseman estão alguns degraus acima. Eles brilham demais e é impossível não se sentir hipnotizado quando eles começar a falar.
Viola Davis interpreta Ma Rainey e parece uma força da natureza. Ela começa a falar e o respeito vem automaticamente. Embora a personagem seja irritante, conseguimos entender o do porque dela ser assim. Uma mulher negra em 1927 com pessoas brancas tentando controlá-la e ela nunca deixando. Sempre mostrando que quem manda é ela e que não vai ser manipulada por nenhum homem branco. Ela faz o que quer e obedece quem tem juízo. Ver sua paixão pelo blues é simplesmente emocionante. O único momento que a vemos de uma forma mais leve e descontraída é quando ela fala sobre o blues ou quando está cantando.
Chadwick Boseman (Pantera Negra) interpreta Levee, um trompetista de muito talento, mas que também possui um temperamento difícil de se lidar. Suas batidas de frente com Ma Rainey são sempre tensas e seus diálogos são sempre muito cheio de sonhos e ódio. Sua confrontação a Deus são fortes e que de certo modo possui um ponto, mas que podem soar blasfemadoras para algumas pessoas. Alguns dirão que seu final foi causado pela confrontação, mas eu diria que foi um fruto de suas mágoas e ressentimentos pela vida difícil que teve. É emocionante de certo modo ver essa despedida dele. Saber que esse foi seu último filme nos deixa uma sensação de tributo mas que nos faz sentir saudades imediatas do ator.
Eu não curti o filme como um todo. A ambientação em apenas um lugar deixou para mim um filme um pouco monótono. Algumas resoluções também não me agradaram tanto. Como falei em cima, o destaque vai para os atores mesmo que carregam o longa nos ombros. Acredito também que o fã de blue e de jazz vá adorar, pois ele é uma ode a esses dois ritmos e afirmo que quem não se sentir ao menos atraídos por eles, boa pessoa não é.
O filme se encontra no catálogo da Netflix e tem boa chance de comparecer ao Oscar nas categorias de interpretações.